terça-feira, 31 de dezembro de 2013

e um resumo, assim breve-mas-mesmo-breve, de 2013



Pharrell Williams - Happy

resoluções

may my heart always be open to little
birds who are the secrets of living
whatever they sing is better than to know
and if men should not hear them men are old

may my mind stroll about hungry
and fearless and thirsty and supple
for even if it's sunday may i be wrong
for whenever men are right they are not young

and may myself do nothing usefully
and love yourself so more than truly
there's never been quite such a fool who could fail
pulling all the sky over him with one smile


53, E.E. Cummings

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

está quase, quase, quase



Nymphomaniac - Official Trailer

viagens e mapas e paixões

I am attracted to the idea
of your lips
exploring my body
as if it were a map
and you kept getting lost
on purpose.


(algures nessa doida da internet)

coisas (literalmente!) simples



Reggie Watts - If You're F*cking, You're F*cking

lambarices

Mind and Heart

unaccountably we are alone
forever alone
and it was meant to be
that way,
it was never meant
to be any other way–
and when the death struggle
begins
the last thing I wish to see
is
a ring of human faces
hovering over me–
better just my old friends,
the walls of my self,
let only them be there.

I have been alone but seldom
lonely.
I have satisfied my thirst
at the well
of my self
and that wine was good,
the best I ever had,
and tonight
sitting
staring into the dark
I now finally understand
the dark and the
light and everything
in between.

peace of mind and heart
arrives
when we accept what
is:
having been
born into this
strange life
we must accept
the wasted gamble of our
days
and take some satisfaction in
the pleasure of
leaving it all
behind.

cry not for me.

grieve not for me.

read
what I’ve written
then
forget it
all.

drink from the well
of your self
and begin
again.


Charles Bukowski

acorde(s)!



JC Brooks & The Uptown Sound - Rouse Yourself

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

coisas simples

The Laughing Heart

your life is your life
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you.


Charles Bukowski

N.B. - especial agradecimento à Mais-que-Tudo.

amor & coisas simples



Scott Matthew - The Wonder of Falling in Love

frases que tinham tudo para dar certo

"Olha que é pequenino mas aleija!"

A Mais-que-Tudo e um mini guarda-chuva.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

coisas interessantes



Sir Ken Robinson: Do schools kill creativity?

a propósito

Thursday Mornings

1. I want to kiss
patterns on your skin
that traces the lines
the blinds create.

2. You have the
perfect smell
of sex and lust and sadness.

3. I feel you in
my veins.

4. Please don’t leave.


Michelle K.

é Natal



Chicago's Magical Piano

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

lambarices



Julia Holter - Hello Stranger

frases que tinham tudo para dar certo

"Queres meter aqui que eu deixo?"

A Sónia, um dia de calor, um casaco, o carrinho do pequeno Santiago e o sentido prático da vida.

convites



Devendra Banhart - Won't You Come Over

envergonhe-se



«O filme intitula-se com uma expressão anglo-normanda "Honi soit qui mal y pense", que traduzida significa "envergonhe-se quem pensa mal disto" e ganha, este mês, o terceiro prémio do maior festival de curtas do mundo, na Austrália. O prémio do Tropfest Australiano foi-lhe entregue no início deste mês.

Tom Abood entrou para o exército australiano aos dezoito anos e, em 2012, com 21 anos formou-se em Artes nos Media, na universidade de Macquarie.»


Aqui

coisas simples ao pequeno-almoço

«Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.»

Otto von Bismarck

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

acorde(s)!



The Black Belles - Lies

coisas simples

He Zhiwu, Cop 223: If memories could be canned, would they also have expiry dates? If so, I hope they last for centuries.

Chungking Express, Wong Kar Wai

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

lambarices e bom fim-de-semana



Piotr Ilich Tchaikovsky - Waltz of the Flowers from "The Nutcracker"

heróis

O último abraço que me dás

O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, onde a elegância dos doentes os transforma em reis. Numa das últimas vezes que lá fui encontrei um homem que conheço há muitos anos. Estava tão magro que demorei a perceber quem era. Disse-me

- Abrace-me porque é o último abraço que me dá

durante o abraço

- Tenho muita pena de não acabar a tese de doutoramento

e, ao afastarmo-nos, sorriu. Nunca vi um sorriso com tanta dor entre parêntesis, nunca imaginei que fosse tão bonito.

Com o meu corpo contra o dele veio-me à cabeça, instantâneo, o fragmento de um poema do meu amigo Alexandre O'Neill, que diz que apenas entre os homens, e por eles, vale a pena viver. E descobri-me cheio de respeito e amor. Um rapaz, de cerca de vinte anos, que fazia quimioterapia ao pé de mim, numa determinação tranquila:

- Estou aqui para lutar

e, por estranho que pareça, havia alegria em cada gesto seu. Achei nele o medo também, mais do que o medo, o terror e, ao mesmo tempo que o terror, a coragem e a esperança.

A extraordinária delicadeza e atenção dos médicos, dos enfermeiros, comoveu-me. Tropecei no desespero, no malestar físico, na presença da morte, na surpresa da dor, na horrível solidão da proximidade do fim, que se me afigura de uma injustiça intolerável. Não fomos feitos para isto, fomos feitos para a vida. O cabelo cresce-me de novo, acho-me, fisicamente, como antes, estou a acabar o livro e o meu pensamento desvia-se constantemente para a voz de um homem no meu ouvido

- Acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento, acabar a tese de doutoramento

porque não aceito a aceitação, porque não aceito a crueldade, porque não aceito que destruam companheiros. A rapariga com a peruca no braço da cadeira. O senhor que não olhava para ninguém, olhava para o vazio. Ali, na sala de quimioterapia, jamais escutei um gemido, jamais vi uma lágrima. Somente feições sérias, de uma seriedade que não topei em mais parte alguma, rostos com o mundo inteiro em cada prega, traços esculpidos a fogo na pele. Vi morrer gente quando era médico, vi morrer gente na guerra, e continuo sem compreender. Isso eu sei que não compreenderei. Que me espanta. Que me faz zangar. Abrace-me porque é o último abraço que me dá: é uma frase que se entenda, esta? Morreu há muito pouco tempo. Foda-se. Perdoem esta palavra mas é a única que me sai. Foda-se. Quando eu era pequeno ninguém morria. Porque carga de água se morre agora, pelo simples facto de eu ter crescido? Morra um homem fique fama, declaravam os contrabandistas da raia. Se tivermos sorte alguém se lembrará de nós com saudade. De mim ficarão os livros. E depois? Tolstoi, no seu diário: sou o melhor; e depois? E depois nada porque a fama é nada.

O que é muito mais do que nada são estas criaturas feridas, a recordação profundamente lancinante de uma peruca de mulher num braço de cadeira. Se eu estivesse ali sozinho, sem ninguém a ver-me, acariciava uma daquelas madeixas horas sem fim. No termo das sessões de quimioterapia as pessoas vão-se embora. Ao desaparecerem na porta penso: o que farão agora? E apetece-me ir com eles, impedir que lhes façam mal:

- Abrace-me porque talvez não seja o último abraço que me dá.

Ao M. foi. E pode afigurar-se estranho mas ainda o trago na pele. Durante quanto tempo vou ficar com ele tatuado? O lugar onde, até hoje, senti mais orgulho em ser pessoa foi o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria onde a dignidade dos escravos da doença os transforma em gigantes, onde só existem, nas palavras do Luís, Heróis.

Onde só existem Heróis. Não estou doente agora. Não sei se voltarei a estar. Se voltar a estar, embora não chegue aos calcanhares de herói algum, espero comportar-me como um homem. Oxalá o consiga. Como escreveu Torga o destino destina mas o resto é comigo. E é. Muito boa tarde a todos e as melhoras: é assim que se despedem no Serviço de Oncologia. Muito boa tarde a todos e até já, mesmo que seja o último abraço que damos.


António Lobo Antunes, aqui.

lambarices



Morrissey - Satellite of Love (Lou Reed cover)

mais uma a dar-me razão

expect sadness
like
you expect rain.
both,
cleanse you.


nayyirah waheed

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

lambarices



Twin Shadow - Not In Love (cover)

coisas simples

Fotografamos aquele quadro naquele museu. Fotografamos o almoço de domingo e os preparativos da consoada. Fotografamos a partida para as férias, as férias e o regresso de férias. Fotografamos por fotografar. E lembramo-nos desses momentos? Nem por isso.

"As pessoas sacam das máquinas fotográficas quase sem pensar para capturar um momento, a tal ponto que estão a perder o que está a acontecer mesmo à sua frente". Nunca o sentido desta frase foi tão literal. Linda Henkel, investigadora na área da Psicologia, apresentou dados que sustentam a teoria de que as pessoas guardam menos memórias dos objectos quando os fotografam.

A experiência, cujos resultados foram publicados na revista Psychological Science, foi montada o Museu de Arte Bellarmine, na Universidade de Fairfield, nos Estados Unidos. Vinte e oito estudantes universitários foram conduzidos através das salas do museu e convidados a prestarem atenção a determinados objectos (15 com e outros tantos sem recurso a máquina fotográfica ou smartphone). No dia seguinte, a memória dos mesmo estudantes foi testada.

Os resultados revelaram que os alunos tinham prestado mais atenção aos objectos que não tinham captado com as lentes, aquilo a que a investigadora apelida de "photo-taking-impairment effect". "Quando as pessoas contam com a tecnologia para se lembrarem por elas — quando contam com a máquina para gravar um evento e por isso não precisam elas próprias de se lembrar dele —, isso pode ter um efeito negativo na forma como elas recordam as suas experiências", explica a cientista no site da Associação para as Ciências da Psicologia.

A teoria sofre um desvio sempre que algum aluno fez “zoom”, focalizando a sua atenção num determinado pormenor de um objecto. Um detalhe fotografado permite fixar a memória futura desse objecto como um todo e não apenas desse pormenor. "Isso revela que o olhar da mente e o olhar da câmara não é o mesmo", conclui Henkel, que agora pretende perceber se a fotografia recorrente influencia a memória no futuro, principalmente tendo em conta que esta foi uma experiência em ambiente controlado. Como será que se comporta o cérebro em circunstâncias normais e com situações que realmente querermos recordar?

Muitos poderão argumentar que as fotos servem precisamente para-mais-tarde-recordar. Este estudo também tem uma resposta na ponta da língua: "A quantidade de fotos e a falta de organização dos arquivos digitais pessoais desencoraja muitas pessoas de acederem aos mesmos. Para nos recordarmos das situações, temos de aceder aos ficheiros e interagir com eles e não apenas fotografar e acumular".


Luís Octávio Costa, aqui

E a propósito:



Louis CK - Stupid Facebook Posts

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

romance. oh!



Dmitri Shostakovich - Romance

coisas simples

«The Portuguese, they like our music because they’re all horny and depressed.»

Matt Berninger, vocalista dos The National

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

acorde(s)!



The Crystals - Then He Kissed Me

coisas (literalmente) simples

«Se não consegues pensar antes de falar, escreve. Se não consegues pensar antes de escrever, lê. Se não consegues vai ao médico.»

Aldina Duarte

a ver



«On the beaches of Kenya, they're known as "Sugar Mamas:" European women who seek out African boys, selling love to earn a living. Teresa, a 50-year-old Austrian and mother of a daughter entering puberty, travels to this vacation paradise. She goes from one Beach Boy to the next, from one disappointment to the next, and finally she must recognize: on the beaches of Kenya, love is a business.»

Paradies: Liebe, 2012

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

dias tristes

«It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.»


Madiba

N.B. - especial agradecimento à Voa Voa.

lambarices



Josephine Foster - All I Wanted Was The Moon

trailer de "Ninfomaníaca" exibido a crianças *


* (tudo aqui).

acorde(s)!



Devendra Banhart - Für Hildegard von Bingen

N.B. - especial agradecimento à Mais-que-Tudo.

seguro-o

«Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca. Mas, se o achar, segure-o.»

Fernando Pessoa

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

para dormir de um sono só



Van Morrison - Someone Like You

grandes rebeldes

«Herberto Helder é a prova de que a poesia não perdeu ainda completamente o seu poder de irradiação
Quando aparece um novo livro de Herberto Helder, como aconteceu este ano, o curso habitual do nosso mundo literário, o pequeno sistema que o alimenta e lhe dá forma, interrompe o seu curso, entra em sobressalto e declara o estado de excepção. Foi o que sucedeu com Servidões, objecto de uma corrida especulativa ainda os três mil exemplares da edição única não tinham chegado às livrarias. De repente, toda a ordem editorial e o sistema de comercialização dos livros foram assaltados na sua lógica, até pelas imposições de uma soberania autoral — um exercício olímpico de autonomia e autoridade simbólica do poeta — de carácter intempestivo, isto é, que não coincide exactamente com o seu próprio tempo.

Os motivos do assalto podem ser muito mais profanos do que o objecto que os sustenta, mas valem, pelo menos, como sintoma de um poderoso efeito de Herberto Helder na literatura portuguesa contemporânea. O seu “ofício cantante” traz consigo uma memória da poesia e da figura do poeta que dificilmente imaginávamos que podia ser restaurada e para a qual talvez seja necessário usar uma noção do campo da teologia, que Walter Benjamin reactivou no plano da obra de arte: aura. Acresce que a total ausência do poeta no espaço público mediático é um factor de intensificação da aura.

Vindo do fundo dos tempos, sem deixar de ser profundamente de hoje, a poesia de Herberto Helder nasce de uma experiência anacrónica do tempo histórico, de uma constelação de tempos e geografias diferentes, onde, por exemplo, a poesia mais moderna se encontra com a palavra poética de universos mágicos, ainda não secularizados. Deste modo, ela abre uma perspectiva que não tem nada da continuidade narrativa que subjaz a esta ideia de história. E, por isso, pode constituir um rectificativo ou mesmo uma desautorização destes balanços ritualizados na sua cadência, aptos a criar a falsa aparência de que o tempo se converte imediatamente em história, numa incessante actualização que satisfaz a exigência de novidade — esse traço niilista e decadente.

Em suma: há na obra de Herberto Helder uma razão poética que não coincide com a razão histórica em que estamos mergulhados. E é precisamente esse desajuste que fascina, interrompe e aterroriza. Porque ela situa-se claramente do lado do terror. A força mágica da palavra poética, o estremecimento perante novos universos — diabólicos — de significação, a força da proferição: é a esta experiência que acedem os leitores de Herberto Helder.

Mas Servidões não é o único livro de poesia da lista, nem o seu autor eclipsa os seus contemporâneos. O que prova que a poesia não perdeu ainda completamente o seu poder de irradiação. Obrigada a uma circulação muito mais restrita, ela beneficia no entanto de uma autonomia que as regras do campo literário já não concedem ao romance.

O modo como cada um dos intervenientes na elaboração desta lista entende que, a par de muitas outras incomensurabilidades, há também aquela entre a literatura nacional, por um lado, e as literaturas traduzidas, por outro, determina certamente as escolhas. A lista, pela quantidade de livros portugueses que exibe, mostra que há alguma tendência para considerar separadamente a literatura nacional e não deixar que ela se dilua completamente na massa dos livros traduzidos. De facto, nos últimos anos cresceu de maneira avassaladora a literatura traduzida.

Mas, paradoxalmente, isso não significa que tenha aumentado a diversidade dos géneros e dos tipos de livros e se tenha alargado o leque das literaturas nacionais com presença satisfatória na edição portuguesa. Pelo contrário, ao enorme aumento corresponde um simétrico estreitamento da diversidade dos géneros e das representações nacionais. A literatura de língua inglesa fornece o contingente esmagador dos livros traduzidos, e o que sobra são uns títulos avulsos cuja origem se distribui pelo continente europeu e pelo resto do mundo. Mesmo literaturas com as quais mantivemos ao longo da história um diálogo fecundo e que sempre considerámos mais próximas (a literatura francesa, a literatura espanhola, a literatura italiana, a literatura alemã) não têm hoje qualquer expressão no mercado editorial português.

O fenómeno, sempre crescente, a que temos assistido há mais de uma década pode ser assim descrito: tal como o volume de vendas está cada vez mais concentrado em poucos títulos (o fenómeno do best seller era quase desconhecido em Portugal há 20 anos, enquanto hoje se generalizou) as espécies bibliográficas — sejam elas entendidas segundo o critério dos géneros e formas literárias, sejam elas entendidas do ponto de vista dos temas — e a diversidade linguística diminuíram drasticamente. Os entrepostos de livros em que se transformaram as livrarias só aos mais incautos conseguem esconder que, na verdade, à grande quantidade de títulos novos expostos não corresponde uma real diversidade. A diversidade torna-se mais facilmente encontrável nas poucas e pequenas livrarias independentes que ainda restam, mas que vão sucumbindo em cadeia.

Não há provavelmente mercadoria mais vulnerável ao jogo fraudulento das aparências do que os livros. Por isso, até é possível aparentar uma certa normalidade na edição e no mercado dos livros, quando tudo é anomalia, as regras mais básicas do mercado foram pervertidas e se generalizou uma guerra silenciosa, mas implacável, que condena muitos livros à inexistência ou a uma existência quase clandestina nas livrarias.»


António Guerreiro, aqui, sendo que podem ler um excerto do livro aqui.

Podem ainda escutar os sete primeiros poemas de «Servidões», ditos por Fernando Alves, aqui. Tudo legal, atenção!

lambarices & pequenos estóicos



Ward Miles (o pequeno estóico), First Year

"This video sums up my son's first year. He was born way too early, and the obstacles he had to overcome were really big, but not bigger than our God", Benjamin Miller (o pai do pequeno estóico).

N.B. - peço desculpa pela música mas não fui eu que escolhi.

amor & coisas simples

I see a future with you.
I see a boy and a girl in their twenties,
eloping at dawn, trying to leave this tropical
country they lived in. We are born to be lost.
Yet we will find each other and together
we will turn right to left, north to south and east to west.
I see you in your backpack and I see a girl
in her duffle bag with nothing inside it
but a pair of gloves. You will wear one glove
in your left palm and I’ll wear it on my right
and together we will express our warmth
through stares and sighs. I see a boy and a girl
in their twenties, conquering Europe while inside
a hop on-hop off bus with their unlimited eurail pass.
We shall conquer the trans-siberian railway.
We will kiss in London, make love in Russia
until we have nothing left with us but
passion in Beijing, China. We will do this
for 42 days and honey, I’ll never tire of you.
You are my most awaited autumn.
I do not find this love poetic but not
all poems are beautiful after all. Sometimes
what we have is a love-hate letter.
Messy graffiti on the wall. A post-it note.
War and chaos. Tragedy. But whatever it is
that we have, there is no name for it
and no matter how far we reach in this journey,
one thing is for sure. We will always come home
with and in each other because this is a place
we’ve always belong to.


irishjulienne’s, 'home is wherever i find you'

prioridades



«O que importa são os lírios»

Manuel Fúria e os Náufragos - Os Lírios do Campo

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

amor & coisas simples

For she is his poet,
And he is her poetry.


Lang Leav, 'Love & Misadventure'

acorde(s)!



Cass McCombs - Brighter!

é isto. e pouca letra!

Um Dó Li Tá

Perguntam-me muitas vezes por que motivo nunca falo do governo nestas crónicas e a pergunta surpreende-me sempre. Qual governo? É que não existe governo nenhum. Existe um bando de meninos, a quem os pais vestiram casaco como para um baptizado ou um casamento. Claro que as crianças lhes acrescentaram um pin na lapela, porque é giro
- Eh pá embora usar um pin?
que representa a bandeira nacional como podia representar o Rato Mickey
- Embora pôr o Rato Mickey?
mas um deles lembrou-se do Senhor Scolari que convenceu os portugueses a encherem tudo de bandeiras, sugeriu
- Mete-se antes a bandeira como o Obama
e, por estarem a brincar às pessoas crescidas e as play-stations virem da América, resolveram-se pela bandeirinha e aí andam, todos contentes, que engraçado, a mandarem na gente
- Agora mandamos em vocês durante quatro anos, está bem?
depois de prometerem que, no fim dos quatro anos, comem a sopa toda e estudam um bocadinho em lugar de verem os Simpsons. No meio dos meninos há um tio idoso, manifestamente diminuído, que as famílias dos meninos pediram que levassem com eles, a fim de não passar o tempo a maçar as pessoas nos bancos, de modo que o tio idoso, também de pin
- Ponha que é curtido, tio
para ali anda a fazer patetices e a dizer asneiras acerca de Angola, que os meninos acham divertidas e os adultos, os tontos, idiotas. Que mal faz? Isto é tudo a fazer de conta.
Esta criançada é curiosa. Ensinaram-me que as pessoas não devem ser criticadas pelos nomes ou pelo aspecto físico mas os meninos exageram, e eu não sei se os nomes que usam são verdadeiros: existe um Aguiar Branco e um Poiares Maduro. Porque não juntar-lhes um Colares Tinto ou um Mateus Rosé? É que tenho a impressão de estar num jogo de índios e menos vinho não lhes fazia mal. No lugar deles arranjava outros pseudónimos: Touro Sentado, Nuvem Vermelha, Cavalo Louco. Também é giro, também é americano, pá, e, sinceramente, tanto álcool no jardim escola preocupa-me. A ASAE devia andar de olho na venda de espirituosas a menores. Outra coisa que me preocupa é a ignorância da língua portuguesa nos colégios. Desconhecem o significado de palavras como irrevogável. Irrevogável até compreendo, uma coisa torcida, e a gente conhece o amor dos pequerruchos pelos termos difíceis, coitadinhos, não têm culpa, mas quando, na Assembleia, um deles declarou
- Não pretendo esconder nem ocultar
apesar da palermice me enternecer alarmou-me um nadita, mau grado compreender que o termo sinónimo seja complicado para alminhas tão tenras. Espíritos tortuosos ou manifestamente mal formados insinuam, por pura maldade, que os garotos mentem muito, o que é injusto e cruel. Eles, por inevitável ingenuidade, não mentem nem faltam às promessas que fazem: temos de levar em conta a idade e o facto da estrutura mental não estar ainda formada, e entender que mudar constantemente de discurso, desdizer-se, aldrabar, não possui, na infância, um significado grave. A irrealidade faz parte dos cérebros em evolução e, com o tempo, hão-de tornar-se pessoas responsáveis: não podemos exigir-lhes que o sejam já, é necessário ser tolerante com os pequerruchos, afagá-los, perdoar-lhes. Merecem carinho, não crítica, uma festa na cabecinha do garoto que faz de primeiro-ministro, outra na menina que eles escolheram para as Finanças e por aí fora. Não é com dureza desnecessária e espírito exageradamente rígido que os educamos. No fundo limitam-se a obedecer a uns senhores estrangeiros, no fundo, tão amorosos, que mal fazem eles para além de empobrecerem a gente, tirarem-nos o emprego, estrangularem-nos, desrespeitarem-nos, trazerem-nos fominha, destruírem-nos? São miúdos queridos, cheios de boa vontade, qual o motivo de os não deixarmos estragar tudo à martelada? Somos demasiado severos com a infância, enervam-nos os impetuosos que correm no meio das mesas dos restaurantes, aos gritos, achamos que incomodam os clientes, a nossa impaciência é deslocada. Por trás deles há pessoas crescidas a orientarem-nos, a quem tentam agradar como podem à custa daqueles que não podem. Os portugueses, e é com mágoa que escrevo isto, têm sido injustos com a infância. Deixem-nos estragar, deixem-nos multiplicar argoladas, deixem-nos não falar verdade: faz parte da aprendizagem das mulheres e homens de amanhã. Sigam o exemplo do Senhor Presidente da República que paternalmente os protege, não do senhor Ex-Presidente da República, Mário Soares, que de forma tão violenta os ataca e, se vos sobrar algum dinheiro, carreguem-lhes os telemóveis para eles falarem uns com os outros acerca da melhor forma de nos deixarem de tanga. Qual o problema se há tanto sol neste País, mesmo que não esteja lá muito certo de o não haverem oferecido aos alemães? E, de pin no casaco que nos fanaram, isto é, de pin cravado na pele
(ao princípio dói um bocadinho, a seguir passa)
encorajemos estes minúsculos heróis com um beijinho, cheio de ternura, nas testazitas inocentes.


António Lobo Antunes

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

soon...



Destroyer - María De Las Nieves

frases que tinham tudo para dar certo #2

«Se ele não provar bem, a sanção é drástica.»

Ainda propósito do regime do contrato de trabalho a termo e da necessidade de o empregador fazer a prova das respectiva motivação.

N.B. - fica confirmado para quem, como eu, tinha dúvidas, o interesse e profundidade de uma aula de pós-graduação.

frases que tinham tudo para dar certo #1

«O empregador pode querer fazer uma coisa a três.»

A propósito da substituição indirecta de um trabalhador no contrato de trabalho a termo.

um dia vou conseguir acordar assim...



WOAH-OH-OH-AH-AH-AH-AAAA-HA-AH-AH-A

coisas simples

According to South Korean government estimates,
there are about 154,000 North Koreans
who live in prison camps. But in each part of the world,
some people create their own detention houses
inside their bodies. Our body is supposed to be a home;
a sanctuary of the living soul. Yet some find their bodies
disgusting and dark and fragile so they tucked them
away from the sun. I once knew a girl whose voice
never encountered an echo. Her mouth was a dungeon.
Her words were trapped and dying. Darling, I see you.
You are not a bird. You have a song. Do not caged yourself.
Even birds do not deserve this. You deserve to fly
and explore this earth and its endless skyline.
My dearest, your existence is not a mistake.
You are not a crime scene. Stop locking yourself up
and wishing you were dead. Death holds nothing
but silence and numbness. This world is an asylum in itself.
What you should put behind bars are your insecurities,
your doubts, your past. Handcuffed your depression
and throw away the keys. Remember your heart
is your stronghold. It never lies. Now start smashing
those walls around you and let freedom
and beauty consume you.


irishjulienne’s, "throw away the keys"

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

coisas (literalmente) simples



Crystal Fighters - You & I

grandes rebeldes



Woody Allen on Oscar Win

coisas simples

«Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.»

Fernando Pessoa

acorde(s)!



The Smiths - Ask