quinta-feira, 28 de março de 2013
amor & coisas simples
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, eu amo as tuas mãos mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer com as minhas. Eu te amo de alma para alma, quando o próprio amor vacila.
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
amor & coisas simples
O que eu aprendi sobre o amor, filho, é que ele é feito de faltas e presenças. E que nenhuma das duas pode faltar. Aprendi que o amor é feito de liberdade. É como ter, todos os dias, muitas outras opções. E ainda assim fazer a mesma livre escolha.
Cristiana Guerra
Cristiana Guerra
quarta-feira, 27 de março de 2013
amor & coisas simples
Mrs. O'Brien: [voice over] The only way to be happy is to love. Unless you love, your life will flash by. [silence] Do good to them. Wonder. Hope.
The Tree of Life
The Tree of Life
terça-feira, 26 de março de 2013
coisas simples
The Thing Is
to love life, to love it even
when you have no stomach for it
and everything you've held dear
crumbles like burnt paper in your hands,
your throat filled with the silt of it.
When grief sits with you, its tropical heat
thickening the air, heavy as water
more fit for gills than lungs;
when grief weights you like your own flesh
only more of it, an obesity of grief,
you think, How can a body withstand this?
Then you hold life like a face
between your palms, a plain face,
no charming smile, no violet eyes,
and you say, yes, I will take you
I will love you, again.
Ellen Bass, Mules of Love
to love life, to love it even
when you have no stomach for it
and everything you've held dear
crumbles like burnt paper in your hands,
your throat filled with the silt of it.
When grief sits with you, its tropical heat
thickening the air, heavy as water
more fit for gills than lungs;
when grief weights you like your own flesh
only more of it, an obesity of grief,
you think, How can a body withstand this?
Then you hold life like a face
between your palms, a plain face,
no charming smile, no violet eyes,
and you say, yes, I will take you
I will love you, again.
Ellen Bass, Mules of Love
coisas simples
«This is what you shall do: love the earth and sun and the animals, despise riches, give alms to every one that asks, stand up for the stupid and crazy, devote your income and labor to others, hate tyrants, argue not concerning God, have patience and indulgence toward the people, take off your hat to nothing known or unknown or to any man or number of men, go freely with powerful uneducated persons and with the young and with the mothers of families, read these leaves in the open air every season of every year of your life, re-examine all you have been told at school or church or in any book, dismiss whatever insults your own soul, and your very flesh shall be a great poem and have the richest fluency not only in its words but in the silent lines of its lips and face and between the lashes of your eyes and in every motion and joint of your body.»
Walt Whitman
Walt Whitman
segunda-feira, 25 de março de 2013
life. these days.
Paulo: Put your hands up!
Hans: No.
Paulo: What?
Hans: I said no.
Paulo: Why not?
Hans: Because I don't want to.
Paulo: But I've got a gun...
Hans: I don't care.
Paulo: It doesn't make any sense!
Hans: Too bad!
Seven Psychopaths
Hans: No.
Paulo: What?
Hans: I said no.
Paulo: Why not?
Hans: Because I don't want to.
Paulo: But I've got a gun...
Hans: I don't care.
Paulo: It doesn't make any sense!
Hans: Too bad!
Seven Psychopaths
sexta-feira, 22 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
frases que tinham tudo para dar certo
"Estou a tentar metê-los aqui todos."
A chefe, a propósito de uns registos de incidentes.
A chefe, a propósito de uns registos de incidentes.
quarta-feira, 20 de março de 2013
privilégios
de manhã, desço a rua que no início é "do Século" e no fim "de o Século". diz-se por aí que tem problemas de identidade. faz psicanálise já há um par de anos. continua com dúvidas de qual é afinal o seu nome.
vejo pais e filhos, que seguem, calçada a cima, rumo aos conservatórios. os pais ainda com o cheiro dos lençóis. os miúdos com a alegria inocente que os caracteriza, fascinados por mais um dia e por mais um dia apenas.
eu sigo calçada abaixo a pensar para mim que devia andar menos de carro e olhar mais para cima quando calcorreio as ruas da cidade.
pelo menos ainda sei o meu nome.
vejo pais e filhos, que seguem, calçada a cima, rumo aos conservatórios. os pais ainda com o cheiro dos lençóis. os miúdos com a alegria inocente que os caracteriza, fascinados por mais um dia e por mais um dia apenas.
eu sigo calçada abaixo a pensar para mim que devia andar menos de carro e olhar mais para cima quando calcorreio as ruas da cidade.
pelo menos ainda sei o meu nome.
terça-feira, 19 de março de 2013
pertinências
«You live like this, sheltered, in a delicate world, and you believe you are living. Then you read a book… or you take a trip… and you discover that you are not living, that you are hibernating. The symptoms of hibernating are easily detectable: first, restlessness. The second symptom (when hibernating becomes dangerous and might degenerate into death): absence of pleasure. That is all. It appears like an innocuous illness. Monotony, boredom, death. Millions live like this (or die like this) without knowing it. They work in offices. They drive a car. They picnic with their families. They raise children. And then some shock treatment takes place, a person, a book, a song, and it awakens them and saves them from death. Some never awaken.»
Anaïs Nin
Anaïs Nin
amor & coisas simples
«Amo amas amat Amamus amatis amant Amavi amavisti amavit Amavimus amavistis amaverunt Amavero amaveris amaverit Everything was love. Everything will be love. Everything has been love. Everything would be love. Everything would have been love. Ah, that was it, the truth at last. Everything would have been love. The huge eye, which had become an immense sphere.»
Wild Nothing - Paradise
quinta-feira, 14 de março de 2013
amor & coisas simples
«The way to love someone is to lightly run your finger over that person’s soul until you find a crack, and then gently pour your love into that crack.»
Keith Miller
Keith Miller
terça-feira, 12 de março de 2013
segunda-feira, 11 de março de 2013
«O Terceiro Corvo»
Oh Lisboa
Como eu gostava de ser
O terceiro corvo do teu emblema
Estar implícita na tua bandeira
Negra e branca
Como tinta e papel
Como escrita e espaço!
Ser teu desenho
Tua nova lenda
Invenção deste século
Que já não inventa
E se interroga:
Donde vieram estes corvos?
Como tu, Vicente,
Eu também não sou de cá
Não sou daqui
Não pertenço a esta terra
E talvez nem sequer
Pertença a este mundo…
Porém estou aqui
Nesta dolorosa praia lusitana
Cheia de um tumulto inútil
Que enegrece as tuas areias
E polui o ventre do rio
Que os golfinhos há muito desertaram
E olhando as nuvens dedilhadas pelo vento
Sentindo a terna dor do teu sentir sentido
Peço-te, Lisboa
Surge de novo bela
Reinventa
A santidade perdida do teu emblema
Ana Hatherly
Como eu gostava de ser
O terceiro corvo do teu emblema
Estar implícita na tua bandeira
Negra e branca
Como tinta e papel
Como escrita e espaço!
Ser teu desenho
Tua nova lenda
Invenção deste século
Que já não inventa
E se interroga:
Donde vieram estes corvos?
Como tu, Vicente,
Eu também não sou de cá
Não sou daqui
Não pertenço a esta terra
E talvez nem sequer
Pertença a este mundo…
Porém estou aqui
Nesta dolorosa praia lusitana
Cheia de um tumulto inútil
Que enegrece as tuas areias
E polui o ventre do rio
Que os golfinhos há muito desertaram
E olhando as nuvens dedilhadas pelo vento
Sentindo a terna dor do teu sentir sentido
Peço-te, Lisboa
Surge de novo bela
Reinventa
A santidade perdida do teu emblema
Ana Hatherly
coisas simples
«Tenho a convicção absoluta de que não devemos pensar de mais, mas sim agir. É mais à frente, ao olhar para trás, que perceberemos se o que fizemos foi o correcto ou não. Acho que quando somos hipercríticos bloqueamos. E acho que Portugal esta cheio de brilhantes falhados. Isto é, pessoas hipercríticas em relação ao outro, que pura e simplesmente não agem para não se confrontarem com o seu hipotético falhanço. Eu prefiro ser criticado e agir do que não fazer nada. Se não fizesse nada seria porque tinha desistido de viver. Para mim faz todo o sentido e é quase imperioso que, numa época em que estamos absolutamente perdidos e em que sentimos que o sistema em que vivemos está a colapsar, tudo façamos para perceber o que nos move. Recuso-me a ficar amargo.»
Miguel Gonçalves Mendes
Miguel Gonçalves Mendes
sexta-feira, 8 de março de 2013
pertinências
Cause how many times can you wake up in this comic book and plant flowers?
Rodriguez - Cause
«Do início, outra vez»
I
Foi esta portanto a furtiva impureza que herdámos
sem saber como, este espaço, este canto assim vago,
estes espasmos desmaiados, este tempo, este mundo,
estas arestas, estes pedaços de terra, estes dramas
de inércia e dentes pouco aguçados, os mesmos
rostos rasos ao chão, estes remorsos, estes cafés
onde nos recompomos das derrotas, este modo
de despejar os cinzeiros, estas tardes, este aclarar
da garganta para nada e os rebuçados amarelos
e doces para a tosse, a lucidez, os oscilantes sons
das campainhas, a satisfação ardente dos líquidos
raros, a gradação de intensidade das lâmpadas,
a acidez dos risos, os envelopes bem dobrados,
e os dias sempre os dias outra vez os dias.
II
Certas flores, as mais esfarrapadas.
O vento também. Ou já o disse?
E coisas que ainda não têm nome.
Aquela impressão quando os olhos fecham.
Arriscaria dizer que é de sempre
Este tumulto no pestanejar.
Um dia terei feito as contas à vida.
Mas julgo que muito se passou atrás das costas.
III
Não nos lembramos bem das canções.
Mas fizemos nosso o seu sussurro obscuro
- será pouco mais que a nossa obrigação.
Em tempos a questão era desmurmurar
os sentimentos, enroscar bem a língua
para saborear todo o amargo e o dormente
e o lento e o cuspo e o abrasivo e o asco.
As gengivas em sangue de tanto remoer.
Chega de tanto.
IV
Tanto mais que nos coube
também a metrologia de coisas instáveis
e de utilidade discutível.
Por exemplo, as nesgas, a palidez granulada da alvorada,
os vários modos de encostar o rosto à almofada e assim
sobreviver ao exílio de vez em quando rindo,
os ímans – ou, mais exactamente, o ponto
indiscernível em que a atracção dos pólos
sossega, por instantes, ou melhor,
em que se fixa no equilíbrio dos contrários
– o recorte dos panos atravessados pela luz
ou as saídas necessariamente de emergência
de um certo quarto onde ouvimos os passos
e nos juntámos à multidão. Os gemidos.
Pois coube-nos a observação das multidões,
também a densidade das esponjas ou o chocalhar
luminoso da face enamorada. Outros elementos,
divisões, categorias.
O verbo que descreve
a antecipação do andamento
que se segue, esse
deslizante verbo
V
A nós coube-nos a desmesura, e as coisas
que nela aprenderemos a incomensurar.
Mais uma razão para termos nos dedos
pontas tão estreitas e tão pouco sábias,
e pálpebras assim, efervescentes.
E tudo isto está ainda por estudar.
VI
Este entrever, este antegosto,
este rosto assim
amachucado entre tantos,
risos até, súbitos
súbitos tambores e sustos,
estes estrondos extenuados
de tão pouco.
Que se fodam os densos mistérios
que a razão nos foi deixando
sobre inumeráveis secretárias.
Temos muito com que nos entreter,
outras penumbras.
VII
Ou nem isso.
Lá se escovam os triunfos anteriores,
Meio desbotados, e se reviram os olhos
a custo. Lá se abrem as gavetas
E se colam as visões a cuspo.
Foram-se amontoando futuros.
O que se poderia talvez traduzir
da seguinte forma:
Há zonas de indistinção onde tudo
se joga em mecanismos
de rigor murmurado e eriçado ânimo.
Dobras, vincos.
VIII
Mas talvez nisto haja subtileza a mais.
E que tal assim:
Eis o mundo.
Eis-nos.
Não chegámos a dizer ao que vínhamos.
Somos muitos e por enquanto dispersos.
Antes de mais
e antes do resto.
IX
Coube-nos começar, mas não do princípio.
Coube-nos amarfanhar todos os mapas
(Ainda que os tenhamos desenhado
a canivete, ao de leve, na palma das mãos).
Pelo que o cicatrizar nem sempre ajuda.
Há nisto uma certa poesia, não muito subtil.
E sempre dá algum estremecimento aos apertos de mão.
É mais ranger de dentes que outra coisa,
lançamento de guitas, cordas, fitas
de toda espécie e alguns ganchos em metal
(de que não se conhece bem o propósito)
para sítios um pouco escuros e adversos.
Quem é que se lembra ainda
para que servem por exemplo os ponteiros
desencontrados nesta armadura de latão?
E por aí fora.
X
Convirá acentuar o quanto isto é ainda o início.
Um início: a par do riso, a mais discreta,
A mais comum das utopias.
Miguel Cardoso,in «Que se diga que vi como a Faca Corta», 2010
Foi esta portanto a furtiva impureza que herdámos
sem saber como, este espaço, este canto assim vago,
estes espasmos desmaiados, este tempo, este mundo,
estas arestas, estes pedaços de terra, estes dramas
de inércia e dentes pouco aguçados, os mesmos
rostos rasos ao chão, estes remorsos, estes cafés
onde nos recompomos das derrotas, este modo
de despejar os cinzeiros, estas tardes, este aclarar
da garganta para nada e os rebuçados amarelos
e doces para a tosse, a lucidez, os oscilantes sons
das campainhas, a satisfação ardente dos líquidos
raros, a gradação de intensidade das lâmpadas,
a acidez dos risos, os envelopes bem dobrados,
e os dias sempre os dias outra vez os dias.
II
Certas flores, as mais esfarrapadas.
O vento também. Ou já o disse?
E coisas que ainda não têm nome.
Aquela impressão quando os olhos fecham.
Arriscaria dizer que é de sempre
Este tumulto no pestanejar.
Um dia terei feito as contas à vida.
Mas julgo que muito se passou atrás das costas.
III
Não nos lembramos bem das canções.
Mas fizemos nosso o seu sussurro obscuro
- será pouco mais que a nossa obrigação.
Em tempos a questão era desmurmurar
os sentimentos, enroscar bem a língua
para saborear todo o amargo e o dormente
e o lento e o cuspo e o abrasivo e o asco.
As gengivas em sangue de tanto remoer.
Chega de tanto.
IV
Tanto mais que nos coube
também a metrologia de coisas instáveis
e de utilidade discutível.
Por exemplo, as nesgas, a palidez granulada da alvorada,
os vários modos de encostar o rosto à almofada e assim
sobreviver ao exílio de vez em quando rindo,
os ímans – ou, mais exactamente, o ponto
indiscernível em que a atracção dos pólos
sossega, por instantes, ou melhor,
em que se fixa no equilíbrio dos contrários
– o recorte dos panos atravessados pela luz
ou as saídas necessariamente de emergência
de um certo quarto onde ouvimos os passos
e nos juntámos à multidão. Os gemidos.
Pois coube-nos a observação das multidões,
também a densidade das esponjas ou o chocalhar
luminoso da face enamorada. Outros elementos,
divisões, categorias.
O verbo que descreve
a antecipação do andamento
que se segue, esse
deslizante verbo
V
A nós coube-nos a desmesura, e as coisas
que nela aprenderemos a incomensurar.
Mais uma razão para termos nos dedos
pontas tão estreitas e tão pouco sábias,
e pálpebras assim, efervescentes.
E tudo isto está ainda por estudar.
VI
Este entrever, este antegosto,
este rosto assim
amachucado entre tantos,
risos até, súbitos
súbitos tambores e sustos,
estes estrondos extenuados
de tão pouco.
Que se fodam os densos mistérios
que a razão nos foi deixando
sobre inumeráveis secretárias.
Temos muito com que nos entreter,
outras penumbras.
VII
Ou nem isso.
Lá se escovam os triunfos anteriores,
Meio desbotados, e se reviram os olhos
a custo. Lá se abrem as gavetas
E se colam as visões a cuspo.
Foram-se amontoando futuros.
O que se poderia talvez traduzir
da seguinte forma:
Há zonas de indistinção onde tudo
se joga em mecanismos
de rigor murmurado e eriçado ânimo.
Dobras, vincos.
VIII
Mas talvez nisto haja subtileza a mais.
E que tal assim:
Eis o mundo.
Eis-nos.
Não chegámos a dizer ao que vínhamos.
Somos muitos e por enquanto dispersos.
Antes de mais
e antes do resto.
IX
Coube-nos começar, mas não do princípio.
Coube-nos amarfanhar todos os mapas
(Ainda que os tenhamos desenhado
a canivete, ao de leve, na palma das mãos).
Pelo que o cicatrizar nem sempre ajuda.
Há nisto uma certa poesia, não muito subtil.
E sempre dá algum estremecimento aos apertos de mão.
É mais ranger de dentes que outra coisa,
lançamento de guitas, cordas, fitas
de toda espécie e alguns ganchos em metal
(de que não se conhece bem o propósito)
para sítios um pouco escuros e adversos.
Quem é que se lembra ainda
para que servem por exemplo os ponteiros
desencontrados nesta armadura de latão?
E por aí fora.
X
Convirá acentuar o quanto isto é ainda o início.
Um início: a par do riso, a mais discreta,
A mais comum das utopias.
Miguel Cardoso,in «Que se diga que vi como a Faca Corta», 2010
quinta-feira, 7 de março de 2013
quarta-feira, 6 de março de 2013
terça-feira, 5 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
sexta-feira, 1 de março de 2013
amor & coisas (que não são assim tão) simples
Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro
Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor
Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora
Manuel António Pina
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro
Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor
Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora
Manuel António Pina
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