quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
coisas (que não são assim tão) simples
'just trying to forget but this ain't no ordinary love'
Active Child - When Your Love is Safe
desafios
cavaco silva: 'é impossível impor mais austeridade aos novos pobres'.
passos coelho: challenge accepted!
passos coelho: challenge accepted!
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
sabedoria
bacanaço: então e namorada?
estóico: nada de novo. tenho de encontrar uma boa rapariga, sabes.
bacanaço: opá, isso é como jogar na lotaria.
estóico: nada de novo. tenho de encontrar uma boa rapariga, sabes.
bacanaço: opá, isso é como jogar na lotaria.
doping matinal *
Sergio Godinho - Com um Brilhozinho nos Olhos
* que bem podia ser uma sexta-feira ao fim do dia.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
frases que tinham tudo para dar certo
'se calhar, é melhor não entrar muito nela'
a coordenadora, a propósito de uma questão.
a coordenadora, a propósito de uma questão.
sobre a vergonha
'adopção por casais de pessoas do mesmo sexo chumbada no parlamento.'
aqui
a este propósito é bom recordar que países como áfrica do sul, méxico, canadá, argentina, uruguai, israel, cambodja, filipinas, dinamarca, finlândia, islândia, noruega, suécia, reino unido, bélgica, holanda ou espanha, entre outros, já o permitem. mas, claro, em todos os casos estamos perante péssimos exemplos de democracia e bem-estar (aliás, a noruega está em primeiro no índice de desenvolvimento humano a nível mundial, o canadá em quarto, a suécia em sexto, and so on, and so on) e bem sabemos os graves problemas que isso tem criado.
enfim, sem mais comentários.
n.b. - a vergonha aumenta porque 'o líder da bancada do pcp, bernardino soares, defendeu que "não estão criadas as condições para uma alteração da lei" como era proposta'.
aqui
a este propósito é bom recordar que países como áfrica do sul, méxico, canadá, argentina, uruguai, israel, cambodja, filipinas, dinamarca, finlândia, islândia, noruega, suécia, reino unido, bélgica, holanda ou espanha, entre outros, já o permitem. mas, claro, em todos os casos estamos perante péssimos exemplos de democracia e bem-estar (aliás, a noruega está em primeiro no índice de desenvolvimento humano a nível mundial, o canadá em quarto, a suécia em sexto, and so on, and so on) e bem sabemos os graves problemas que isso tem criado.
enfim, sem mais comentários.
n.b. - a vergonha aumenta porque 'o líder da bancada do pcp, bernardino soares, defendeu que "não estão criadas as condições para uma alteração da lei" como era proposta'.
como deve ser
Morrer de Amor
'Morrer de amor
ao pé da tua boca
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso.'
Maria Teresa Horta
'Morrer de amor
ao pé da tua boca
Desfalecer
à pele
do sorriso
Sufocar
de prazer
com o teu corpo
Trocar tudo por ti
se for preciso.'
Maria Teresa Horta
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
true story bro
"unless it’s mad, passionate, extraordinary love, it’s a waste of your time. there are too many mediocre things in life; love shouldn’t be one of them."
in dream for an insomniac
in dream for an insomniac
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
XLIII - How Do I Love Thee?
'How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candlelight.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, - I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! - and, if God choose,
I shall but love thee better after death.'
Elizabeth Barrett Browning, Sonnets from the Portuguese
'How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of everyday's
Most quiet need, by sun and candlelight.
I love thee freely, as men strive for Right;
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints, - I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! - and, if God choose,
I shall but love thee better after death.'
Elizabeth Barrett Browning, Sonnets from the Portuguese
domingo, 19 de fevereiro de 2012
lambarices
(ao telefone)
mini-estóico: sabes como é que se distingue uma forquilha de um tubarão?
estóico: não.
mini-estóioco: atiras os dois ao mar. o que te tentar comer é o tubarão.
mini-estóico: sabes como é que se distingue uma forquilha de um tubarão?
estóico: não.
mini-estóioco: atiras os dois ao mar. o que te tentar comer é o tubarão.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
frases que tinham tudo para dar certo
'queres que te dê com ele?'
o grande zé, a propósito de um taser (e não de um teaser!).
o grande zé, a propósito de um taser (e não de um teaser!).
impertinente repetição
'Havendo um «born again», também deve haver um «dead again». Acontece quando, em vida, morremos, isto é, desistismos, apesar de continuarmos vivos. E não há nada de ilógico em chamar a isso «segunda morte» ou «morrer de novo», porque a certeza da morte vem logo do nascimento. Qualquer outra morte que nos aconteça é apenas uma impertinente repetição.'
mestre
mestre
amor (latim amor, -oris), s. m.
'Está bem como está. Também há-de casar com alguém que tenha uma semelhança qualquer comigo. E há-de ser mais feliz do que comigo seria. O amor tem que ser filtrado das suas veemências. É isso. Alguém que se pareça com ela é do que eu preciso.'
Agustina Bessa-Luís
Agustina Bessa-Luís
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
Amo-te
'Talvez não seja próprio vir aqui, para as páginas deste livro, dizer que te amo. Não creio que os leitores deste livro procurem informações como esta. No mundo, há mais uma pessoa que ama. Qual a relevância dessa notícia? À sombra do guarda-sol ou de um pinheiro de piqueniques, os leitores não deverão impressionar-se demasiado com isso. Depois de lerem estas palavras, os seus pensamentos instantâneos poderão diluir-se com um olhar em volta. Para eles, este texto será como iniciais escritas por adolescentes na areia, a onda que chega para cobri-las e apagá-las. E possível que, perante esta longa afirmação, alguns desses leitores se indignem e que escrevam cartas de protesto, que reclamem junto da editora. Dou-lhes, desde já, toda a razão.
Eu sei. Talvez não seja próprio vir aqui dizer aquilo que, de modo mais ecológico, te posso afirmar ao vivo, por email, por comentário do facebook ou mensagem de telemóvel, mas é tão bom acreditar, transporta tanta paz. Tu sabes. Extasio-me perante este agora e deixo que a sua imensidão me transcenda, não a tento contrariar ou reduzir a qualquer coisa explicável, que tenha cabimento nas palavras, nestas pobres palavras. Em vez disso, desfruto-a, sorrio-lhe. Não estou aqui com a expectativa de ser entendido. Eu próprio procuro ainda essa compreensão. Estou aqui apenas com o meu rosto, o meu olhar parado, a minha figura. Tudo aquilo que tenho para dizer está por detrás dessa imagem. Hoje, esse é o alfabeto com que realmente escrevo, o significado. Escrevo também com uma grande quantidade de elementos invisíveis, que chegam à pele e a atravessam. É dessa forma que sinto aquilo que tenho para dizer, pele e para lá da pele.
Os teus pais vão ler estas palavras, que embaraçoso. A minha mãe, as minhas irmãs e as minhas sobrinhas vão ler estas palavras e vão pensar: passou-se. Consigo imaginar todas essas reacções, mas não consigo evitar que este texto continue a dizer que te amo. Sei que os outros apenas nos poderão ver com os seus próprios olhos. Para eles, seremos qualquer memória, qualquer impressão, um reflexo daquilo que eles próprios sabem, personagens de uma espécie de telenovela. A grande diferença é que nós somos nós e temos este agora imenso, este verbo no presente. Talvez fosse mais confortável, se dispusesse de um verbo mais sofisticado, menos gasto: liquefazer, maturar, discernir. Um tempo verbal mais complexo: se eu te tivesse liquefeito, se eu te tivesse maturado, se eu te tivesse discernido. Talvez. Nunca saberei porque aquilo que tenho para dizer é este verbo, este presente do indicativo de escola primária.
Na sua simplicidade, encandeia e, no entanto, diz tão pouco. Mesmo tentando, transmito-lhes pouco ao informá-los que te amo. Não ficam a saber mais do que se lhes dissesse que me alimento, respiro, existo. E não podem sequer ter a certeza de que eu dependa dessas necessidades vitais. Talvez seja melhor assim, continuem debaixo do guarda-sol, do pinheiro de piqueniques, olhem em volta, virem a página. Talvez seja preferível que a imensidão deste momento não os perturbe, que se mantenha onde está, invisível e tão concreta nas cores da paisagem, nomeada por estas palavras que não a dizem e que, no entanto, existem, impressas, pouco ecológicas e, ainda assim, feitas de uma natureza única, a natureza, que nasce da terra, que se estende no céu, sol, lua, oceano, montanhas, que determina o dia e a noite, a passagem das estações, a idade, e que está contida numa só palavra, num só verbo, que abrigo no meu rosto, que é transparente no meu olhar e que agora, aqui, nas páginas deste livro, preciso de dizer. Talvez não seja próprio dizê-lo aqui, mas talvez seja ainda menos próprio escrevê-lo em todas as paredes da cidade, esculpir precipícios com essa verdade ou rasgar o peito com uma faca e, com a ponta dessa mesma faca, gravá-lo dentro de mim, em sulcos profundos, com o tamanho deste agora.'
José Luís Peixoto
'Talvez não seja próprio vir aqui, para as páginas deste livro, dizer que te amo. Não creio que os leitores deste livro procurem informações como esta. No mundo, há mais uma pessoa que ama. Qual a relevância dessa notícia? À sombra do guarda-sol ou de um pinheiro de piqueniques, os leitores não deverão impressionar-se demasiado com isso. Depois de lerem estas palavras, os seus pensamentos instantâneos poderão diluir-se com um olhar em volta. Para eles, este texto será como iniciais escritas por adolescentes na areia, a onda que chega para cobri-las e apagá-las. E possível que, perante esta longa afirmação, alguns desses leitores se indignem e que escrevam cartas de protesto, que reclamem junto da editora. Dou-lhes, desde já, toda a razão.
Eu sei. Talvez não seja próprio vir aqui dizer aquilo que, de modo mais ecológico, te posso afirmar ao vivo, por email, por comentário do facebook ou mensagem de telemóvel, mas é tão bom acreditar, transporta tanta paz. Tu sabes. Extasio-me perante este agora e deixo que a sua imensidão me transcenda, não a tento contrariar ou reduzir a qualquer coisa explicável, que tenha cabimento nas palavras, nestas pobres palavras. Em vez disso, desfruto-a, sorrio-lhe. Não estou aqui com a expectativa de ser entendido. Eu próprio procuro ainda essa compreensão. Estou aqui apenas com o meu rosto, o meu olhar parado, a minha figura. Tudo aquilo que tenho para dizer está por detrás dessa imagem. Hoje, esse é o alfabeto com que realmente escrevo, o significado. Escrevo também com uma grande quantidade de elementos invisíveis, que chegam à pele e a atravessam. É dessa forma que sinto aquilo que tenho para dizer, pele e para lá da pele.
Os teus pais vão ler estas palavras, que embaraçoso. A minha mãe, as minhas irmãs e as minhas sobrinhas vão ler estas palavras e vão pensar: passou-se. Consigo imaginar todas essas reacções, mas não consigo evitar que este texto continue a dizer que te amo. Sei que os outros apenas nos poderão ver com os seus próprios olhos. Para eles, seremos qualquer memória, qualquer impressão, um reflexo daquilo que eles próprios sabem, personagens de uma espécie de telenovela. A grande diferença é que nós somos nós e temos este agora imenso, este verbo no presente. Talvez fosse mais confortável, se dispusesse de um verbo mais sofisticado, menos gasto: liquefazer, maturar, discernir. Um tempo verbal mais complexo: se eu te tivesse liquefeito, se eu te tivesse maturado, se eu te tivesse discernido. Talvez. Nunca saberei porque aquilo que tenho para dizer é este verbo, este presente do indicativo de escola primária.
Na sua simplicidade, encandeia e, no entanto, diz tão pouco. Mesmo tentando, transmito-lhes pouco ao informá-los que te amo. Não ficam a saber mais do que se lhes dissesse que me alimento, respiro, existo. E não podem sequer ter a certeza de que eu dependa dessas necessidades vitais. Talvez seja melhor assim, continuem debaixo do guarda-sol, do pinheiro de piqueniques, olhem em volta, virem a página. Talvez seja preferível que a imensidão deste momento não os perturbe, que se mantenha onde está, invisível e tão concreta nas cores da paisagem, nomeada por estas palavras que não a dizem e que, no entanto, existem, impressas, pouco ecológicas e, ainda assim, feitas de uma natureza única, a natureza, que nasce da terra, que se estende no céu, sol, lua, oceano, montanhas, que determina o dia e a noite, a passagem das estações, a idade, e que está contida numa só palavra, num só verbo, que abrigo no meu rosto, que é transparente no meu olhar e que agora, aqui, nas páginas deste livro, preciso de dizer. Talvez não seja próprio dizê-lo aqui, mas talvez seja ainda menos próprio escrevê-lo em todas as paredes da cidade, esculpir precipícios com essa verdade ou rasgar o peito com uma faca e, com a ponta dessa mesma faca, gravá-lo dentro de mim, em sulcos profundos, com o tamanho deste agora.'
José Luís Peixoto
da tusa
'I came home
In the morning
Just a little bit ago
You lie asleep
In our bed
All twisted in your clothes
When the rain came down
Upon our rooftop
With a rhythm like this
Let the hair stand up
On my shoulders
When you open your mouth'
Active Child - Johnny Belinda
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
coisas simples
Dicky Fox: If this
[points to heart]
Dicky Fox: is empty, this
[points to head]
Dicky Fox: doesn't matter.
jerry maguire
[points to heart]
Dicky Fox: is empty, this
[points to head]
Dicky Fox: doesn't matter.
jerry maguire
domingo, 12 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
pudesse eu
'Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!'
sophia
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!'
sophia
à primeira vista
"They’re both convinced
that a sudden passion joined them.
Such certainty is beautiful,
but uncertainty is more beautiful still.
Since they’d never met before, they’re sure
that there’d been nothing between them.
But what’s the word from the streets, staircases, hallways -
perhaps they’ve passed by each other a million times?
I want to ask them
if they don’t remember -
a moment face to face
in some revolving door?
perhaps a “sorry” muttered in a crowd?
a curt “wrong number” caught in the receiver?
but I know the answer.
No, they don’t remember.
They’d be amazed to hear
that Chance has been toying with them
now for years.
Not quite ready yet
to become their Destiny,
it pushed them close, drove them apart,
it barred their path,
stifling a laugh,
and then leaped aside.
There were signs and signals,
even if they couldn’t read them yet.
Perhaps three years ago
or just last Tuesday
a certain leaf fluttered
from one shoulder to another?
Something was dropped and then picked up.
Who knows, maybe the ball that vanished
into childhood’s thicket?
There were doorknobs and doorbells
where one touch had covered another
beforehand.
Suitcases checked and standing side by side.
One night, perhaps, the same dream
grown hazy by morning.
Every beginning
is only a sequel, after all,
and the book of events
is always open halfway through."
Wislawa Szymborska, Love At First Sight
that a sudden passion joined them.
Such certainty is beautiful,
but uncertainty is more beautiful still.
Since they’d never met before, they’re sure
that there’d been nothing between them.
But what’s the word from the streets, staircases, hallways -
perhaps they’ve passed by each other a million times?
I want to ask them
if they don’t remember -
a moment face to face
in some revolving door?
perhaps a “sorry” muttered in a crowd?
a curt “wrong number” caught in the receiver?
but I know the answer.
No, they don’t remember.
They’d be amazed to hear
that Chance has been toying with them
now for years.
Not quite ready yet
to become their Destiny,
it pushed them close, drove them apart,
it barred their path,
stifling a laugh,
and then leaped aside.
There were signs and signals,
even if they couldn’t read them yet.
Perhaps three years ago
or just last Tuesday
a certain leaf fluttered
from one shoulder to another?
Something was dropped and then picked up.
Who knows, maybe the ball that vanished
into childhood’s thicket?
There were doorknobs and doorbells
where one touch had covered another
beforehand.
Suitcases checked and standing side by side.
One night, perhaps, the same dream
grown hazy by morning.
Every beginning
is only a sequel, after all,
and the book of events
is always open halfway through."
Wislawa Szymborska, Love At First Sight
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
sobre as coisas simples
'Não precisas de presentes
Nem rimas, nem flores, nem nada
Basta trazeres o que sentes
E chegares de madrugada
Perde as mãos pelo meu corpo
Faz-me calar com um beijo
Como se eu fosse o teu porto
E tu meu mar de desejo
Deixa falar a paixão
Não faças juras de amor
É só carinho e tesão
Suor, gemidos, calor
Enrosca-te no meu seio
Os corações a bater
Sem confusão, sem rodeio
Mais simples não pode ser.'
rosa cordeiro
Nem rimas, nem flores, nem nada
Basta trazeres o que sentes
E chegares de madrugada
Perde as mãos pelo meu corpo
Faz-me calar com um beijo
Como se eu fosse o teu porto
E tu meu mar de desejo
Deixa falar a paixão
Não faças juras de amor
É só carinho e tesão
Suor, gemidos, calor
Enrosca-te no meu seio
Os corações a bater
Sem confusão, sem rodeio
Mais simples não pode ser.'
rosa cordeiro
coisas simples
'Não facas muitos planos para a vida, para não estragares os planos que a vida tem para ti.'
Agostinho da Silva
Agostinho da Silva
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
paroxismo *
'Ao sol PURO eu escrevo, em plena rua,
em pleno mar, onde posso canto,
somente a noite nómada me detém
mas na sua interrupção ganho espaço,
ganho sombra para muito tempo.
O trigo negro da noite cresce
enquanto meus olhos medem a pradaria
e assim de sol a sol faço as chaves:
procuro na obscuridade das fechaduras
e vou abrindo ao mar as portas rota
até encher armários com espuma.
E não me canso de ir e de voltar;
não me pára a morte com sua pedra,
não me canso de ser e de não ser.
Às vezes eu pergunto-me se de onde
se do pai ou da mãe ou montanha
herdei os deveres minerais,
as linhas do oceano inflamadas
e sei que sigo e sigo porque sigo
e canto porque canto e porque canto.
Não tem explicação o que acontece
quando fecho os olhos e circulo
como entre dois canais submarinos,
um a morrer me leva na sua corrente
e o outro canta para que eu cante.
Assim pois de não ser estou composto
e como o mar assalta o recife
com cápsulas salgadas de brancura
e retrata a pedra com a onda,
assim o que na morte me rodeia
abre em mim a janela da vida
e em pleno paroxismo estou dormindo.
Em plena luz caminho pela sombra.'
pablo neruda
* (do grego paroxysmós, 'auge'; nome masculino) a maior intensidade de um acesso, de uma dor, de um prazer; (medicina) período de uma doença em que os sintomas são mais agudos; últimos paroxismos: agonia antes da morte.
em pleno mar, onde posso canto,
somente a noite nómada me detém
mas na sua interrupção ganho espaço,
ganho sombra para muito tempo.
O trigo negro da noite cresce
enquanto meus olhos medem a pradaria
e assim de sol a sol faço as chaves:
procuro na obscuridade das fechaduras
e vou abrindo ao mar as portas rota
até encher armários com espuma.
E não me canso de ir e de voltar;
não me pára a morte com sua pedra,
não me canso de ser e de não ser.
Às vezes eu pergunto-me se de onde
se do pai ou da mãe ou montanha
herdei os deveres minerais,
as linhas do oceano inflamadas
e sei que sigo e sigo porque sigo
e canto porque canto e porque canto.
Não tem explicação o que acontece
quando fecho os olhos e circulo
como entre dois canais submarinos,
um a morrer me leva na sua corrente
e o outro canta para que eu cante.
Assim pois de não ser estou composto
e como o mar assalta o recife
com cápsulas salgadas de brancura
e retrata a pedra com a onda,
assim o que na morte me rodeia
abre em mim a janela da vida
e em pleno paroxismo estou dormindo.
Em plena luz caminho pela sombra.'
pablo neruda
* (do grego paroxysmós, 'auge'; nome masculino) a maior intensidade de um acesso, de uma dor, de um prazer; (medicina) período de uma doença em que os sintomas são mais agudos; últimos paroxismos: agonia antes da morte.
a primeira pessoa do plural
'Estamos tão perto uns dos outros. Somos contemporâneos, podemos juntar-nos na mesma frase, conjugarmo-nos no mesmo verbo e, no entanto, carregamos um invisível que nos afasta. Ouvimos os vizinhos de cima a arrastarem cadeiras, a atravessarem o corredor com sapatos de salto alto, a sua roupa molhada pinga sobre a nossa roupa a secar; ouvimos a voz dos vizinhos de baixo, dão gargalhadas, a nossa roupa molhada pinga sobre a roupa deles a secar; cheiramos as torradas dos vizinhos do lado, ouvimo-los a chamar o elevador e, no entanto, o nosso maior problema não é apenas não nos reconhecermos na rua. O nosso problema grande é estarmos convencidos que os problemas deles não nos dizem respeito. A nossa tragédia é acharmos que não temos nada a ver com isso.
Há três ou quatro anos, caminhava com um conhecido no aeroporto. De repente, ouviu-se um estalido. Ele agarrou-se ao peito com as duas mãos, caiu de joelhos e, pálido, esperou por morrer. Não morreu. Tinha-lhe rebentado um isqueiro no bolso da camisa. Aliviado, encostado a um balcão, a beber um copo de água, explicou que esse ardor repentino e esse susto pareceram-lhe um ataque cardíaco. Nunca tinha tido um ataque cardíaco antes, por isso confiou em descrições vagas, a que nunca tinha realmente prestado muita atenção.
Há alguns anos também, talvez um pouco mais do que três ou quatro, tinha acabado de participar num jantar cordial, reconfortante. Toda a gente estava bem disposta, à porta dos anfitriões, longa despedida, graças, à espera de táxi. De repente, tocou o telefone de um senhor com quem tinha estado a conversar durante todo o serão. Ninguém reparou nesse telefonema até ao momento em que o senhor começou a chorar convulsivamente. Ficámos todos a olhar sem saber como chegar até ele. Tínhamos braços, estendíamo-los na sua direcção, mas continuavam distantes.
Irritamo-nos com a existência uns dos outros. Fazemos sinais de luzes àquele homem com setenta anos, num carro dos anos setenta, que anda a setenta quilómetros por hora na auto-estrada. Contrariados, esperamos por aquela pessoa que atravessa a passadeira, enchemos as bochechas de ar e sopramos. Impacientes, batemos no volante. Daí a minutos, depois de estacionarmos o carro, somos essa pessoa a atravessar a passadeira. Da mesma maneira, daqui a algum tempo, não muito, seremos esse homem com setenta, dos setenta, a setenta. O tempo passa. Se deitarmos lixo para o chão, alguém o apanhará.
Um amigo que teve um AVC, que passou por uma reabilitação profunda, que enfrentou a morte e a paralisia, depois de anos de fisioterapia, depois de esforço gigante e sofrimento gigante, falou-me da forma como esse susto muda tudo. Passa-se a apreciar aquilo que realmente importa. A imensa maioria das preocupações transformam-se em luxos ridículos, desprezíveis, alimentados pela cegueira. Após essa experiência de quase morte, ganha-se uma nitidez invulgar, que, no entanto, esteve sempre lá. Para percebê-la, bastava levar a sério a promessa de transitoriedade de tudo e, também, levar a sério essa palavra, esse planeta: o amor. Ao ouvi-lo, fui capaz de entender aquilo que dizia. Depois, também fui capaz de entender quando me disse: mas, sabes, ao fim de algum tempo, esquecemo-nos, voltamos a tomar tudo por garantido e voltamos a cometer os mesmos erros.
Repito para mim próprio: estamos tão perto uns dos outros. Não há nenhum motivo para acreditarmos que ganhamos se os outros perderem. Os outros não são outros porque levam muito daquilo que nos pertence e que só pode existir sendo levado por eles. Eles definem-nos tanto quanto nós os definimos a eles. Eles são nós. Eles somos nós. Se tivermos essa consciência, podemos usar todo o seu tamanho. Mesmo que pudéssemos existir sozinhos, de olhos fechados, com os ouvidos tapados, seríamos já bastante grandes, mas existe algo muito maior do que nós. Fazemos parte dessa imensidão. Somos essa imensidão que, vista daqui, parece infinita.'
José Luís Peixoto
Há três ou quatro anos, caminhava com um conhecido no aeroporto. De repente, ouviu-se um estalido. Ele agarrou-se ao peito com as duas mãos, caiu de joelhos e, pálido, esperou por morrer. Não morreu. Tinha-lhe rebentado um isqueiro no bolso da camisa. Aliviado, encostado a um balcão, a beber um copo de água, explicou que esse ardor repentino e esse susto pareceram-lhe um ataque cardíaco. Nunca tinha tido um ataque cardíaco antes, por isso confiou em descrições vagas, a que nunca tinha realmente prestado muita atenção.
Há alguns anos também, talvez um pouco mais do que três ou quatro, tinha acabado de participar num jantar cordial, reconfortante. Toda a gente estava bem disposta, à porta dos anfitriões, longa despedida, graças, à espera de táxi. De repente, tocou o telefone de um senhor com quem tinha estado a conversar durante todo o serão. Ninguém reparou nesse telefonema até ao momento em que o senhor começou a chorar convulsivamente. Ficámos todos a olhar sem saber como chegar até ele. Tínhamos braços, estendíamo-los na sua direcção, mas continuavam distantes.
Irritamo-nos com a existência uns dos outros. Fazemos sinais de luzes àquele homem com setenta anos, num carro dos anos setenta, que anda a setenta quilómetros por hora na auto-estrada. Contrariados, esperamos por aquela pessoa que atravessa a passadeira, enchemos as bochechas de ar e sopramos. Impacientes, batemos no volante. Daí a minutos, depois de estacionarmos o carro, somos essa pessoa a atravessar a passadeira. Da mesma maneira, daqui a algum tempo, não muito, seremos esse homem com setenta, dos setenta, a setenta. O tempo passa. Se deitarmos lixo para o chão, alguém o apanhará.
Um amigo que teve um AVC, que passou por uma reabilitação profunda, que enfrentou a morte e a paralisia, depois de anos de fisioterapia, depois de esforço gigante e sofrimento gigante, falou-me da forma como esse susto muda tudo. Passa-se a apreciar aquilo que realmente importa. A imensa maioria das preocupações transformam-se em luxos ridículos, desprezíveis, alimentados pela cegueira. Após essa experiência de quase morte, ganha-se uma nitidez invulgar, que, no entanto, esteve sempre lá. Para percebê-la, bastava levar a sério a promessa de transitoriedade de tudo e, também, levar a sério essa palavra, esse planeta: o amor. Ao ouvi-lo, fui capaz de entender aquilo que dizia. Depois, também fui capaz de entender quando me disse: mas, sabes, ao fim de algum tempo, esquecemo-nos, voltamos a tomar tudo por garantido e voltamos a cometer os mesmos erros.
Repito para mim próprio: estamos tão perto uns dos outros. Não há nenhum motivo para acreditarmos que ganhamos se os outros perderem. Os outros não são outros porque levam muito daquilo que nos pertence e que só pode existir sendo levado por eles. Eles definem-nos tanto quanto nós os definimos a eles. Eles são nós. Eles somos nós. Se tivermos essa consciência, podemos usar todo o seu tamanho. Mesmo que pudéssemos existir sozinhos, de olhos fechados, com os ouvidos tapados, seríamos já bastante grandes, mas existe algo muito maior do que nós. Fazemos parte dessa imensidão. Somos essa imensidão que, vista daqui, parece infinita.'
José Luís Peixoto
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
sobre os sonhos
'Sonhos meus, ateus,
que desde sempre almejo
meus lábios rudes nos teus
húmidos de desejo.'
luís eusébio
que desde sempre almejo
meus lábios rudes nos teus
húmidos de desejo.'
luís eusébio
pedro mexia ficaria orgulhoso
segundo um estudo encomendado pelo produtor de teatro David King, aqui fica a lista das vinte músicas mais deprimentes dos últimos anos:
1 – Everybody Hurts – R.E.M.
2 – Candle In The Wind – Elton John
3 – The Living Years - Mike & The Mechanics
4 – I Will Always Love You – Whitney Houston
5 – Nothing Compares To You –Sinead O’Connor
6 – Hallelujah – Leonard Cohen
7 – My Heart Will Go On – Celine Dion
8 – Fix You – Coldplay
9 – Seasons In The Sun – Terry Jacks
10 – Without You – Harry Nilsson
11 - Yesterday - The Beatles
12 - All by Myself - Eric Carmen
13 - My Way - Frank Sinatra
14 - Sound of Silence - Simon and Garfunkel
15 - Ain’t no Sunshine - Bill Withers
16 - Love Will Tear us Apart- Joy Division
17 - Leaving on a Jet Plane - Peter, Paul and Mary
18 - Eleanor Rigby - The Beatles
19 - Annie’s Song - John Denver
20 - Everybody’s Got to Learn Sometimes -- Korgis
1 – Everybody Hurts – R.E.M.
2 – Candle In The Wind – Elton John
3 – The Living Years - Mike & The Mechanics
4 – I Will Always Love You – Whitney Houston
5 – Nothing Compares To You –Sinead O’Connor
6 – Hallelujah – Leonard Cohen
7 – My Heart Will Go On – Celine Dion
8 – Fix You – Coldplay
9 – Seasons In The Sun – Terry Jacks
10 – Without You – Harry Nilsson
11 - Yesterday - The Beatles
12 - All by Myself - Eric Carmen
13 - My Way - Frank Sinatra
14 - Sound of Silence - Simon and Garfunkel
15 - Ain’t no Sunshine - Bill Withers
16 - Love Will Tear us Apart- Joy Division
17 - Leaving on a Jet Plane - Peter, Paul and Mary
18 - Eleanor Rigby - The Beatles
19 - Annie’s Song - John Denver
20 - Everybody’s Got to Learn Sometimes -- Korgis
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
lambarices # 2
(ao telefone)
mini-estóico: sabes porque é que a água foi presa?
estóico: não.
mini-estóioco: matou a sede.
mini-estóico: sabes porque é que a água foi presa?
estóico: não.
mini-estóioco: matou a sede.
genial
'tiveram a simpatia de me fazer sentir que depositam muita esperança em mim e espero ter capacidade para defraudar essas expectativas da maneira mais suave e indolor possível.'
ricardo araújo pereira
ricardo araújo pereira
sonhos
na raiz dos sonhos
'sei que aquela oliveira está ali
desde o princípio do mundo, habitando o tempo
e enredada no tempo à tua espera.
sei que as nuvens são de lilás escurecendo e resolvem
passar em ronda lenta nas fronteiras já imperceptíveis
do pôr do sol. sei que pressentes que assim terá de ser.
sei que ouvimos o sopro irregular do que diz o noroeste
de sílabas salinas, prolongando os búzios e as ressonâncias
onde ecoa o mar, enquanto a cor das nuvens
for passando morosa do lilás às madrepérolas da noite
e nós dermos as mãos nesse silêncio atlântico. e ainda sei que o vento
se arrepia ao de leve convocando os deuses comovidos
para essa árvore sagrada em que estremece
uma folhagem verde-cinza de estrídulas cigarras
que a acompanham desde o quente começo do mundo,
deste mundo, teu e meu, agora descoberto, ou a reinventar
numa sageza ainda assim sobressaltada,
numa ternura à beira da incandescência,
num princípio de pura alegria a que iremos dando vários nomes,
coisas da alma empenhada na sua liberdade
e em fantásticas lunações e trepadeiras.
sei como sobem jasmins e madressilvas
e as essências do verão em seus caules delicados
emaranhando-se nos sonhos, na raiz crepuscular
e musical dos sonhos. sei que te encontro aí.'
vasco graça moura
'sei que aquela oliveira está ali
desde o princípio do mundo, habitando o tempo
e enredada no tempo à tua espera.
sei que as nuvens são de lilás escurecendo e resolvem
passar em ronda lenta nas fronteiras já imperceptíveis
do pôr do sol. sei que pressentes que assim terá de ser.
sei que ouvimos o sopro irregular do que diz o noroeste
de sílabas salinas, prolongando os búzios e as ressonâncias
onde ecoa o mar, enquanto a cor das nuvens
for passando morosa do lilás às madrepérolas da noite
e nós dermos as mãos nesse silêncio atlântico. e ainda sei que o vento
se arrepia ao de leve convocando os deuses comovidos
para essa árvore sagrada em que estremece
uma folhagem verde-cinza de estrídulas cigarras
que a acompanham desde o quente começo do mundo,
deste mundo, teu e meu, agora descoberto, ou a reinventar
numa sageza ainda assim sobressaltada,
numa ternura à beira da incandescência,
num princípio de pura alegria a que iremos dando vários nomes,
coisas da alma empenhada na sua liberdade
e em fantásticas lunações e trepadeiras.
sei como sobem jasmins e madressilvas
e as essências do verão em seus caules delicados
emaranhando-se nos sonhos, na raiz crepuscular
e musical dos sonhos. sei que te encontro aí.'
vasco graça moura
sábado, 4 de fevereiro de 2012
nada
'«E então?», pergunta alguém. E a outra pessoa responde: «E então, nada». Parece uma dessas trocas de palavras sem sentido, em que os portugueses são exímios. O «então» da pergunta não supõe forçosamente que tenha acontecido alguma coisa a que se teria seguido uma qualquer reacção; pode ser apenas um vago «como vai a vida?». Idem a resposta: ou é igualmente vaga ou é nula; se o «então» se refere a um nexo causal entre um facto e outro que se lhe seguiu, então não há nada a dizer a isso, não houve nenhum nexo, nenhuma acção. «Então, nada». Ou pode ser uma resposta ainda mais triste, mais conformista: de facto aconteceu alguma coisa mas a conclusão disso é nenhuma, a reacção é nenhuma, aconteceu alguma coisa mas não há «então» possível. E o «nada», em vez de uma simples negação, é a afirmação de uma negação. Como se em vez de uma vírgula houvesse dois pontos: «então: nada».'
mestre
mestre
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
'I
laughed
as she
blushed.
We were
on our way
back
to
us.'
Tyler Knott Gregson
laughed
as she
blushed.
We were
on our way
back
to
us.'
Tyler Knott Gregson
(ainda) sexta-feira
'Sexta-feira à noite
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.'
Marina Colasanti
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.'
Marina Colasanti
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
frases que tinham tudo para dar certo
'esta aqui teve mesmo de ser com força'
o meu colega de gabinete, depois de um espirro.
o meu colega de gabinete, depois de um espirro.
amor (latim amor, -oris), s. m.
Plano
'Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.'
nuno júdice
'Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.'
nuno júdice
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
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