domingo, 31 de julho de 2011
amor (latim amor, -oris), s. m.
"Never love anybody who treats you like you’re ordinary."
Oscar Wilde
Oscar Wilde
sexta-feira, 29 de julho de 2011
chegou (tímido) o verão
You gave to me all i know
I will stay here, i will not go
Bombay Bicycle Club - Shuffle
quinta-feira, 28 de julho de 2011
frases que tinham tudo para dar certo *
"Quando precisares, está sempre aberta." **
* a propósito de um agrafador.
** Devidamente corrigida. Os nossos sinceros agradecimentos à W
* a propósito de um agrafador.
** Devidamente corrigida. Os nossos sinceros agradecimentos à W
atingirás *
"Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição dos seres."
Fernando Pessoa
* Segunda pessoa do singular do futuro do indicativo de atingir (do lat. attingère, «tocar em»; verbo transitivo: chegar a; alcançar; conseguir o que se pretende; compreender; perceber)
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição dos seres."
Fernando Pessoa
* Segunda pessoa do singular do futuro do indicativo de atingir (do lat. attingère, «tocar em»; verbo transitivo: chegar a; alcançar; conseguir o que se pretende; compreender; perceber)
amanhã vamos passear
"O que eu mais queria neste mundo era sossegar.
Eis um verbo que é preciso redimir. Sossegar não é descansar, nem traz felicidade, nem se assemelha, senão superficialmente, à paz ou à tranquilidade. Não quero acalmar-me, ou serenar, ou assentar. O sossego é um estado de bonança.O sossego é um estado de excepção, em que a alma vem ao encontro do corpo. Pode sossegar-se em momentos de grande agitação, de um acesso de amor, em que esse amor parece lucidez. É este o sossego com que sonho — uma presença consciente de verdade no que se sente -, oposto à parança estúpida, queda e adormecida, falsa, aquém da alerta. Não gosto do sossego como alívio ou interrupção. Nem gosto da maneira como se usa o verbo descansar, que deveria significar repousar (recuperar as forças, etc.) em vez de sossegar, como por exemplo: «Ainda bem que me avisaste, porque assim fico mais descansada». É tão ridículo como uma criada dizer: «A senhora não pode vir ao telefone porque está a sossegar».
Na época do stress e dos calmantes, das psicoterapias e das manias new age, sossegar foi destituído da sua beleza própria, da sua frescura, da sua actividade.
Sossegar não é descansar - não é uma consequência do cansaço. Quando Rebelo da Silva, citado por Moraes, que por sua vez cita o dicionário de Freire, diz «O coração não sossega, a vida cansa», ambas as coisas são verdadeiras, mas a associação é enganadora, porque o coração não sossega por causa de a vida cansar. Há cansaços bons. Não. O coração não sossega, porque não tem com que sossegar.
Mais que a felicidade e a paz, o mundo precisa de sossegar. O sossegamento é a forma mais precisa de liberdade. Mas não é uma liberdade negativa (estar livre de medos, de constrangimentos, de opressões), mas uma liberdade positiva — uma liberdade para sentir o que se sente e confiar no que se sente, e ter tempo, e vontade, e confiança no que se faz.
Quando se olha para o rosto duma pessoa amada, ou se recebe dela um gesto de amor, sossega-se. Quando se sabe de antemão o que vai acontecer, ou como alguém se vai comportar, sossega-se. Quando se participa num acto de bondade, ou se assiste a um, sossega-se. Quando se é desculpado, sossega-se. Quando se faz uma promessa ou um plano que sabemos que se irá cumprir, sossega-se. Isso é sossegar.
Quando dois amantes decidem ter um filho, por muito medo que isso possa provocar, sossega-se. Quando aparece um amigo sem avisar, interrompendo tudo o que se tencionava fazer, sossega-se. Quando se está a lutar contra a injustiça e a maldade, com todas as forças que se tem, sossega-se. Quando se lê um poema ou uma história bonita, por muito triste que seja, sossega-se. Quando se acredita em Deus. Isso, sim, é sossegar.
Gosto de sossegar como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. É mais bonito sossegar alguém. Quando se pede «Sossega o meu coração» e se consegue sossegar. Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa. É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é o presente a tornar-se, de repente, futuro. É o futuro que sossega. «Amanhã vamos passear» sossega mais que «Não te preocupes» ou «Deixa lá, que eu trato disso». A aquietação, como o sono, é uma espécie de morte. Sossegar não é jazer. É viver. Uma pessoa sossegada é capaz de deitar abaixo uma floresta. O sossego não é um descanso — é uma força. Não é estar isolado e longe, deixado em paz - é estar determinado no meio do turbilhão da vida.
O sossego é, em grande parte, uma expressão espiritual de segurança. Sossegar é saber com o que se conta, desde o azul do céu aos irmãos. O coração sossega em quem se conhece. Sossegar é conhecer uma totalidade, as coisas feias ou bonitas, mas previsíveis e familiares. É por isso que sossega olhar para um rosto amado, que se conhece, ouvir a voz dessa pessoa, mesmo quando está a dizer disparates. Não há falinhas mansas que tragam o sossego dos gritos duma pessoa com quem se pode contar. E um alívio. Só a ordem pode sossegar, por muito alterosa que seja. A tempestade sossega o marinheiro que conhece bem o barco e o mar.
No nosso tempo as pessoas querem o sossego menor das sopas e do descanso. Serem «deixadas» dalguma forma ou doutra: «Eu quero é que me deixem em paz». Querem fugir. Querem ir para o campo. Meditar. Descobrir o «eu» interior. Mas a solidão e o silêncio não sossegam. Para isso mais vale tomar um Lexotan.
Só os outros nos podem sossegar mesmo no meio da vida, em plena acção, se pode, e vale a pena, estar sossegado. O «eu» interior é uma algazarra de desasossego. Para mais, árida e desinteressante. O budismo de trazer por casa que invadiu a nossa cultura, uma espécie de narcisismo espiritual, traduz uma noção repugnante de superioridade. Os outros podem ser o inferno, mas cada indivíduo ainda o é mais.
Não me saem da cabeça os instantes, poucos, em que me senti sossegar - e foi sempre graças a outra pessoa, vista ou lida, conhecida ou desconhecida, viva ou morta, menina ou crescida, sábia ou maluca, próxima ou longínqua, mas sempre presente, mais presente que eu próprio. Eu próprio, por defeito, talvez, não consigo lá chegar. Nunca encontrei o sossego nos outros — foram sempre os outros que me sossegaram. E quase nunca deliberadamente.
Lembro-me, em particular, dum momento, que obviamente não vou contar, mas que consistiu apenas em olhar para alguém e sentir que tudo nela me era querido e conhecido e familiar.
Não há no mundo paisagem como o rosto duma pessoa amada, sobretudo quando está agitado, a rir-se ou a zangar-se, desprevenido, apanhado nos nossos olhos como se estivesse dentro deles já. Sentir essa mistura de perdição e de proximidade é verdadeiramente sossegar."
Miguel Esteves Cardoso
Eis um verbo que é preciso redimir. Sossegar não é descansar, nem traz felicidade, nem se assemelha, senão superficialmente, à paz ou à tranquilidade. Não quero acalmar-me, ou serenar, ou assentar. O sossego é um estado de bonança.O sossego é um estado de excepção, em que a alma vem ao encontro do corpo. Pode sossegar-se em momentos de grande agitação, de um acesso de amor, em que esse amor parece lucidez. É este o sossego com que sonho — uma presença consciente de verdade no que se sente -, oposto à parança estúpida, queda e adormecida, falsa, aquém da alerta. Não gosto do sossego como alívio ou interrupção. Nem gosto da maneira como se usa o verbo descansar, que deveria significar repousar (recuperar as forças, etc.) em vez de sossegar, como por exemplo: «Ainda bem que me avisaste, porque assim fico mais descansada». É tão ridículo como uma criada dizer: «A senhora não pode vir ao telefone porque está a sossegar».
Na época do stress e dos calmantes, das psicoterapias e das manias new age, sossegar foi destituído da sua beleza própria, da sua frescura, da sua actividade.
Sossegar não é descansar - não é uma consequência do cansaço. Quando Rebelo da Silva, citado por Moraes, que por sua vez cita o dicionário de Freire, diz «O coração não sossega, a vida cansa», ambas as coisas são verdadeiras, mas a associação é enganadora, porque o coração não sossega por causa de a vida cansar. Há cansaços bons. Não. O coração não sossega, porque não tem com que sossegar.
Mais que a felicidade e a paz, o mundo precisa de sossegar. O sossegamento é a forma mais precisa de liberdade. Mas não é uma liberdade negativa (estar livre de medos, de constrangimentos, de opressões), mas uma liberdade positiva — uma liberdade para sentir o que se sente e confiar no que se sente, e ter tempo, e vontade, e confiança no que se faz.
Quando se olha para o rosto duma pessoa amada, ou se recebe dela um gesto de amor, sossega-se. Quando se sabe de antemão o que vai acontecer, ou como alguém se vai comportar, sossega-se. Quando se participa num acto de bondade, ou se assiste a um, sossega-se. Quando se é desculpado, sossega-se. Quando se faz uma promessa ou um plano que sabemos que se irá cumprir, sossega-se. Isso é sossegar.
Quando dois amantes decidem ter um filho, por muito medo que isso possa provocar, sossega-se. Quando aparece um amigo sem avisar, interrompendo tudo o que se tencionava fazer, sossega-se. Quando se está a lutar contra a injustiça e a maldade, com todas as forças que se tem, sossega-se. Quando se lê um poema ou uma história bonita, por muito triste que seja, sossega-se. Quando se acredita em Deus. Isso, sim, é sossegar.
Gosto de sossegar como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. É mais bonito sossegar alguém. Quando se pede «Sossega o meu coração» e se consegue sossegar. Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa. É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é o presente a tornar-se, de repente, futuro. É o futuro que sossega. «Amanhã vamos passear» sossega mais que «Não te preocupes» ou «Deixa lá, que eu trato disso». A aquietação, como o sono, é uma espécie de morte. Sossegar não é jazer. É viver. Uma pessoa sossegada é capaz de deitar abaixo uma floresta. O sossego não é um descanso — é uma força. Não é estar isolado e longe, deixado em paz - é estar determinado no meio do turbilhão da vida.
O sossego é, em grande parte, uma expressão espiritual de segurança. Sossegar é saber com o que se conta, desde o azul do céu aos irmãos. O coração sossega em quem se conhece. Sossegar é conhecer uma totalidade, as coisas feias ou bonitas, mas previsíveis e familiares. É por isso que sossega olhar para um rosto amado, que se conhece, ouvir a voz dessa pessoa, mesmo quando está a dizer disparates. Não há falinhas mansas que tragam o sossego dos gritos duma pessoa com quem se pode contar. E um alívio. Só a ordem pode sossegar, por muito alterosa que seja. A tempestade sossega o marinheiro que conhece bem o barco e o mar.
No nosso tempo as pessoas querem o sossego menor das sopas e do descanso. Serem «deixadas» dalguma forma ou doutra: «Eu quero é que me deixem em paz». Querem fugir. Querem ir para o campo. Meditar. Descobrir o «eu» interior. Mas a solidão e o silêncio não sossegam. Para isso mais vale tomar um Lexotan.
Só os outros nos podem sossegar mesmo no meio da vida, em plena acção, se pode, e vale a pena, estar sossegado. O «eu» interior é uma algazarra de desasossego. Para mais, árida e desinteressante. O budismo de trazer por casa que invadiu a nossa cultura, uma espécie de narcisismo espiritual, traduz uma noção repugnante de superioridade. Os outros podem ser o inferno, mas cada indivíduo ainda o é mais.
Não me saem da cabeça os instantes, poucos, em que me senti sossegar - e foi sempre graças a outra pessoa, vista ou lida, conhecida ou desconhecida, viva ou morta, menina ou crescida, sábia ou maluca, próxima ou longínqua, mas sempre presente, mais presente que eu próprio. Eu próprio, por defeito, talvez, não consigo lá chegar. Nunca encontrei o sossego nos outros — foram sempre os outros que me sossegaram. E quase nunca deliberadamente.
Lembro-me, em particular, dum momento, que obviamente não vou contar, mas que consistiu apenas em olhar para alguém e sentir que tudo nela me era querido e conhecido e familiar.
Não há no mundo paisagem como o rosto duma pessoa amada, sobretudo quando está agitado, a rir-se ou a zangar-se, desprevenido, apanhado nos nossos olhos como se estivesse dentro deles já. Sentir essa mistura de perdição e de proximidade é verdadeiramente sossegar."
Miguel Esteves Cardoso
amor (latim amor, -oris), s. m.
"Once upon a time there was a boy who loved a girl, and her laughter was a question he wanted to spend is whole life answering."
desconhecido
desconhecido
para dormir de um sono só
When love is real, you don’t have to show it.
When it is true, then everyone will know.
‘Cause there’ll be no one but
(...)
You and me,
Nobody baby but you and me.
Penny & The Quarters - You & Me
coisas simples
"As a well-spent day brings happy sleep, so life well used brings happy death."
Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci
quarta-feira, 27 de julho de 2011
vozes do interior
O Amigo d'O Incrédulo: Quésta merda?!
O Incrédulo: Tu bates mal men!
O Amigo d'O Incrédulo: Jasus!
O Incrédulo: Tu bates mal men!
O Amigo d'O Incrédulo: Que fart...
O Incrédulo: Tu bates mal men!
A Voz da Consciência: Cuidado aí que vem aí outro.
O Amigo d'O Incrédulo: Tu és tolo moço! Que malho men! (pausa) Vinde ajudar caralhe! Vamus lá!
vicissitudes # 1
A generalidade das pessoas (está fácil de ver que no fundo vou falar de mim...) não gosta que as outras pessoas saibam que elas defecam (do lat. defaecáre, «libertar fezes»; verbo intransitivo: expelir naturalmente os excrementos pelo ânus; evacuar; depurar; acrisolar), vulgo cagam.
Vais à casa-de-banho e está, perto da entrada, alguém a tomar um café. Sais e essa mesma pessoa ainda lá está. Não há hipótese: vais levar com o olhar "foste cagar e eu sei disso".
É muito complicado.
É por estas e por outras que não compro (chega de hipocrisias; estou a falar de mim!) papel higiénico em superfícies comerciais. Ainda por cima quando comprámos estes tipo de produtos, para evitar ter de o fazer com frequência, levámos uma daquelas embalagens que facilmente providenciava papel higiénico para meio ano de merda de todos os habitantes do Mónaco. "Eia! este gajo é que caga!" pensam todos os que estão na fila para pagar. Ninguém sabe quantos filhos tens, se és uma pessoa doente, nada disso! Cagas que te fartas e é tudo o que vão recordar de ti.
Cagar é uma coisa muito pessoal. É verdade que há quem não se importe até de cagar em frente de outras pessoas. Eu gosto muito dessas pessoas. Mesmo! Mas não consigo. Cagar tem que ser num espaço temporal só meu. Porta fechada (à chave se possível), música (para se houver alguém na sala não ouvir uma flatulência mais irreverente ou o típico 'mergulhar' na água da retrete... um clássico...) e uma revista. Nada mais.
Enfim, deu-me para isto. Podia ser pior? Podia, mas não era a mesma coisa. Perdão, merda.
Vais à casa-de-banho e está, perto da entrada, alguém a tomar um café. Sais e essa mesma pessoa ainda lá está. Não há hipótese: vais levar com o olhar "foste cagar e eu sei disso".
É muito complicado.
É por estas e por outras que não compro (chega de hipocrisias; estou a falar de mim!) papel higiénico em superfícies comerciais. Ainda por cima quando comprámos estes tipo de produtos, para evitar ter de o fazer com frequência, levámos uma daquelas embalagens que facilmente providenciava papel higiénico para meio ano de merda de todos os habitantes do Mónaco. "Eia! este gajo é que caga!" pensam todos os que estão na fila para pagar. Ninguém sabe quantos filhos tens, se és uma pessoa doente, nada disso! Cagas que te fartas e é tudo o que vão recordar de ti.
Cagar é uma coisa muito pessoal. É verdade que há quem não se importe até de cagar em frente de outras pessoas. Eu gosto muito dessas pessoas. Mesmo! Mas não consigo. Cagar tem que ser num espaço temporal só meu. Porta fechada (à chave se possível), música (para se houver alguém na sala não ouvir uma flatulência mais irreverente ou o típico 'mergulhar' na água da retrete... um clássico...) e uma revista. Nada mais.
Enfim, deu-me para isto. Podia ser pior? Podia, mas não era a mesma coisa. Perdão, merda.
amor (latim amor, -oris), s. m.
conversa 1797
Ela - Qual foi a cena que até hoje te custou mais a fazer estando na cama com uma mulher?
Eu - Acordar de manhã para ir trabalhar.
Ela - Oh! Vai-te lixar! Diz a sério.
Eu - Estou a falar a sério.
Ela - Nunca fizeste assim nada... com sofrimento?
Eu - Já.
Ela - O quê?
Eu - Acordar de manhã para ir trabalhar.
não compreendo as mulheres
Ela - Qual foi a cena que até hoje te custou mais a fazer estando na cama com uma mulher?
Eu - Acordar de manhã para ir trabalhar.
Ela - Oh! Vai-te lixar! Diz a sério.
Eu - Estou a falar a sério.
Ela - Nunca fizeste assim nada... com sofrimento?
Eu - Já.
Ela - O quê?
Eu - Acordar de manhã para ir trabalhar.
não compreendo as mulheres
evidências
Dean: In my experience, the prettier a girl is, the more nuts she is... which makes you insane. You're probably nutty coo coo crazy.
Blue Valentine
Blue Valentine
terça-feira, 26 de julho de 2011
amor (latim amor, -oris), s. m.
"manhã
Ela perguntou-lhe as horas e voltou a adormecer.
Nunca sabemos muito bem onde é que vai desaguar um Amor recente. Talvez por isso não a tenha acordado logo, mas sim aproveitado a sorte de a poder ver dormir na cama dele numa manhã que fosse. Ajustou a almofada à cabeça ainda sonolenta de maneira a que não lhe tapasse a visão, e deixou-se estar a vê-la respirar, que é como quem diz, deixou-se estar a vê-la dormir.
O corpo satisfaz-se com o sexo, a alma satisfaz-se com o seu cansaço. O do corpo. Deu-se conta disso nessa manhã, que voltar a Amar é voltar a ser capaz de acordar com alguém sem saltar imediatamente da cama, mesmo com o corpo satisfeito. Menos a alma.
Que horas são?
Não sei, respondeu ele. Também voltou a adormecer."
não compreendo as mulheres
Ela perguntou-lhe as horas e voltou a adormecer.
Nunca sabemos muito bem onde é que vai desaguar um Amor recente. Talvez por isso não a tenha acordado logo, mas sim aproveitado a sorte de a poder ver dormir na cama dele numa manhã que fosse. Ajustou a almofada à cabeça ainda sonolenta de maneira a que não lhe tapasse a visão, e deixou-se estar a vê-la respirar, que é como quem diz, deixou-se estar a vê-la dormir.
O corpo satisfaz-se com o sexo, a alma satisfaz-se com o seu cansaço. O do corpo. Deu-se conta disso nessa manhã, que voltar a Amar é voltar a ser capaz de acordar com alguém sem saltar imediatamente da cama, mesmo com o corpo satisfeito. Menos a alma.
Que horas são?
Não sei, respondeu ele. Também voltou a adormecer."
não compreendo as mulheres
deixar correr o coração
"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."
Miguel Esteves Cardoso
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."
Miguel Esteves Cardoso
domingo, 24 de julho de 2011
amor (latim amor, -oris), s. m.
"Being deeply loved by someone gives you strength, while loving someone deeply gives you courage."
Lao Tzu
Lao Tzu
sábado, 23 de julho de 2011
sábados
Grizzly Bear - Lullabye
Começar calmamente, se possível na cama até tarde. Um almoço numa esplanada, se possível a ver o rio ou o mar. Uma tarde de passeio, se possível com um bom livro. Um belo jantar com 'aquecimento' para a noite que se avizinha, se possível com amigos. E uma saída para qualquer lado até às tantas, se possível com boa música.
E que se lixe a crise!
os românticos da vida
Grizzly Bear - Shift
Uma das maiores provações dos românticos da vida é sem dúvida a dura prova da realidade do dia-a-dia.
As más disposições injustificadas, os condicionantes externos, os acidentes, o tempo que passa e a repetição, a curiosidade pelo desconhecido e as eternas dúvidas.
E eu só penso que "ainda o apanhamos!".
coisas simples
Cindy: What did it feel like when you fell in love?
Gramma: Oh... oh dear, I don't think I found it.
Cindy: Even with grandpa?
Gramma: Maybe a little, in the beginning. He didn't really have any regard for me as a person. You gotta be careful with that. You gotta be careful with the person you fall in love is worth it... to you.
Cindy: I never want to be like my parents. I know they must've loved each other at one time right? To just get it all out of the way before they had me. How do you trust your feelings when they can just disappear like that?
Gramma: I think the only way you can find out is to have the feeling. You're a good person. You have the right to say I do trust. I do trust myself.
Blue Valentine
Gramma: Oh... oh dear, I don't think I found it.
Cindy: Even with grandpa?
Gramma: Maybe a little, in the beginning. He didn't really have any regard for me as a person. You gotta be careful with that. You gotta be careful with the person you fall in love is worth it... to you.
Cindy: I never want to be like my parents. I know they must've loved each other at one time right? To just get it all out of the way before they had me. How do you trust your feelings when they can just disappear like that?
Gramma: I think the only way you can find out is to have the feeling. You're a good person. You have the right to say I do trust. I do trust myself.
Blue Valentine
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
frases que tinham tudo para dar certo... *
"Puto, o medo é uma cena que... a mim não me assiste."
* ... excepto se fores o Guedes!
* ... excepto se fores o Guedes!
terça-feira, 19 de julho de 2011
coisas simples
"Love many things, for therein lies the true strength, and whosoever loves much performs much, and can accomplish much, and what is done in love is done well."
Vincent Van Gogh
Vincent Van Gogh
segunda-feira, 18 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
turistas, turistas e mais turistas...
... e a única coisa que me ocorre é isto:
N.B. - coisa feia a inveja, eu sei, eu sei...
N.B. - coisa feia a inveja, eu sei, eu sei...
frases que tinham tudo para dar certo
"Sabe, é que é a nossa primeira vez..."
Nunca o envio de 'propostas' foi tão complicado...
N.B. - isto hoje está ao rubro!
Nunca o envio de 'propostas' foi tão complicado...
N.B. - isto hoje está ao rubro!
you are
It's a long road
It's a great cause
It's a long road
Its a good call
You got it
You got it
She's a star
James - She's a Star
frases que tinham tudo para dar certo
"Tenho estado para falar consigo desde manhã mas sabe como é, vai-se metendo uma coisa, vai-se metendo outra."
A propósito de um telefonema.
N.B. - das melhores de sempre!
A propósito de um telefonema.
N.B. - das melhores de sempre!
quarta-feira, 13 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
frases que tinham tudo para dar certo
"Também é complicado ter tantos dias de férias e não poder gozar."
A propósito de um esclarecimento.
N.B. - já tinha saudades.
A propósito de um esclarecimento.
N.B. - já tinha saudades.
tropeções
Tens que ser tu, com o teu próprio punho
Era isso o que te queria dizer
Rio Grande - Senta-te Aí
da junção
O que é afinal o amor?
É a pergunta que vale um milhão! Aquela de que todos falam e sobre a qual todos têm uma opinião. E ainda bem. Se há assunto sobre o qual todos podemos (e devemos!) falar é sobre o sentido do amor. Que sentimento é este afinal sobre o qual se escrevem livros, realizam filmes, a propósito do qual se desmoronam impérios e lares, suicidam jovens almas e se potenciam cirroses?
Também tenho uma opinião, como não podia deixar de ser.
Podemos falar de amor sob as mais variadas variedades. O amor pela família, incondicional, saudavelmente irracional e doentio. O amor por um amigo ao qual só falta o ADN para ser um irmão. Não é desse que falamos.
Falamos do milagre. Da junção. Da junção do amor com a paixão.
A paixão é o que sentes quando estás a jantar em casa de uns amigos, a perna dela roça suavemente na tua e trocam aquele olhar de quem quer 'foder'. Não! Não é fazer sexo, muito menos amor. É 'foder' mesmo. Ali, na casa-de-banho ou na dispensa, uma rapidinha tão intensa que parece que perdes o ar e o coração quase te sai pela boca. Isso é paixão.
Amor é outra coisa. Dizer-lhe que está linda nos dias mais difíceis do mês ou quando está doente. Não está percebem?! Mas aos olhos dele está. E isso é amor.
A junção destas duas variantes ou dá milagre ou dá merda. Não há meios termos!
Ou melhor, há milhões de meios termos. Passamos por eles todos os dias. Convivem connosco, fazem parte da família e dos amigos. Gente boa.
Mas não é sobre eles falamos quando se está num jantar de amigos ou quando os netos nos pedem uma história. "Conheceram-se no trabalho. Tinham os mesmos horários, os mesmos objectivos de vida e entendiam-se muito bem um com o outro. [os netos entretanto adormeceram] Sempre tiveram uma vida organizada e tratavam-se muito bem. Passavam férias com amigos e jantavam nas casas dos pais.".
Não!
Queremos histórias deliciosas. Queremos "Luíses & Dianas". Queremos irracionalidade pura e dura. Queremos o estômago arrepiado ao som de uma chamada e corações acelerados antes do vislumbre daquela face. Queremos ciúme. Queremos ansiedade.
E queremos acima de tudo ficar felizes pela felicidade de quem amámos na plenitude. A felicidade genuína de quem não tem ou não pode estar mas que se basta pela alegria da cara-metade. A felicidade de quem ganha o dia quando ouve aquela de quem gosta acima de tudo dizer que está bem.
É isto, para mim claro, o amor. A felicidade suprema de ver quem amámos feliz. Seja isso ao nosso lado ou seguindo o seu próprio caminho.
É por isso que te amo. Genuína e profundamente.
Obrigado.
É a pergunta que vale um milhão! Aquela de que todos falam e sobre a qual todos têm uma opinião. E ainda bem. Se há assunto sobre o qual todos podemos (e devemos!) falar é sobre o sentido do amor. Que sentimento é este afinal sobre o qual se escrevem livros, realizam filmes, a propósito do qual se desmoronam impérios e lares, suicidam jovens almas e se potenciam cirroses?
Também tenho uma opinião, como não podia deixar de ser.
Podemos falar de amor sob as mais variadas variedades. O amor pela família, incondicional, saudavelmente irracional e doentio. O amor por um amigo ao qual só falta o ADN para ser um irmão. Não é desse que falamos.
Falamos do milagre. Da junção. Da junção do amor com a paixão.
A paixão é o que sentes quando estás a jantar em casa de uns amigos, a perna dela roça suavemente na tua e trocam aquele olhar de quem quer 'foder'. Não! Não é fazer sexo, muito menos amor. É 'foder' mesmo. Ali, na casa-de-banho ou na dispensa, uma rapidinha tão intensa que parece que perdes o ar e o coração quase te sai pela boca. Isso é paixão.
Amor é outra coisa. Dizer-lhe que está linda nos dias mais difíceis do mês ou quando está doente. Não está percebem?! Mas aos olhos dele está. E isso é amor.
A junção destas duas variantes ou dá milagre ou dá merda. Não há meios termos!
Ou melhor, há milhões de meios termos. Passamos por eles todos os dias. Convivem connosco, fazem parte da família e dos amigos. Gente boa.
Mas não é sobre eles falamos quando se está num jantar de amigos ou quando os netos nos pedem uma história. "Conheceram-se no trabalho. Tinham os mesmos horários, os mesmos objectivos de vida e entendiam-se muito bem um com o outro. [os netos entretanto adormeceram] Sempre tiveram uma vida organizada e tratavam-se muito bem. Passavam férias com amigos e jantavam nas casas dos pais.".
Não!
Queremos histórias deliciosas. Queremos "Luíses & Dianas". Queremos irracionalidade pura e dura. Queremos o estômago arrepiado ao som de uma chamada e corações acelerados antes do vislumbre daquela face. Queremos ciúme. Queremos ansiedade.
E queremos acima de tudo ficar felizes pela felicidade de quem amámos na plenitude. A felicidade genuína de quem não tem ou não pode estar mas que se basta pela alegria da cara-metade. A felicidade de quem ganha o dia quando ouve aquela de quem gosta acima de tudo dizer que está bem.
É isto, para mim claro, o amor. A felicidade suprema de ver quem amámos feliz. Seja isso ao nosso lado ou seguindo o seu próprio caminho.
É por isso que te amo. Genuína e profundamente.
Obrigado.
levo-te (a ti) para sempre comigo
Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que senti
Falo ao mar do que nunca perdi.
Toranja - Fim
sábado, 9 de julho de 2011
a propósito de um concerto
Fleet Foxes - Sim Sala Bim
Começaram temerários, com aquela timidez engraçada quem dá os primeiros passos e tem medo de cair. As poucos perceberam que quem lá estava corria por gosto. Agradeceram sempre de forma envergonhada o que fez com que gostasse ainda mais.
À minha frente um casal visivelmente apaixonado tornava as coisas ainda mais difíceis. Beijavam-se com a cumplicidade típica de quem relembra momentos de intimidade passados ao som de uma ou outra música.
E eu só te queria ao meu lado. Abraçava-te demoradamente, recordando um fim de tarde chuvoso e uma rua escondida da cidade. Os vidros embaciaram e o impossível tornou-se insuportável. Cometemos a insana fantasia de contrariar os incrédulos e os descrentes. E quem nos pode censurar?
sexta-feira, 8 de julho de 2011
metáforas
"Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti.
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa
que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu,
trazem entre as penas a saudades de um verão carregado
de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas
brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores
que perfurem a noite - porque a morte deve ser clara
como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre
me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes
a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me
a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor."
Maria do Rosário Pedreira
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa
que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu,
trazem entre as penas a saudades de um verão carregado
de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas
brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores
que perfurem a noite - porque a morte deve ser clara
como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre
me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes
a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me
a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor."
Maria do Rosário Pedreira
quinta-feira, 7 de julho de 2011
sobre as coisas simples
"Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios."
Nuno Júdice
N.B. - o negrito é nosso porque também nós estamos em crer que o amor é simples.
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios."
Nuno Júdice
N.B. - o negrito é nosso porque também nós estamos em crer que o amor é simples.
coisas simples
George Ristuccia: You know, Ben, I keep asking you this but why me?
Ben Thomas: Because you are a good man.
George Ristuccia: No, really.
Ben Thomas: Even when you don't know that people are watching you.
Seven Pounds
Ben Thomas: Because you are a good man.
George Ristuccia: No, really.
Ben Thomas: Even when you don't know that people are watching you.
Seven Pounds
'everything that I feel tells me to stay'
They say your middle name is trouble
But I know it's Caroline
They say you remind them of problems
But I think you look like Audrey
(...)
They say they can smell the drama
But I know it's "Nr. 5"
They say you only bring heartache
But I know you brought a bottle of wine
(...)
They say you're like a Monday morning
I say you're like a Friday night
I don't get their points
Anytime is a good time for being with you
Acid House Kings - This Heart Is A Stone
quarta-feira, 6 de julho de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
estóico 0 - sonhadores 1
Emily Posa: Do you wanna play a game?
Ben Thomas: What game?
Emily Posa: The "what if" game.
Ben Thomas: The "what if" game.
Emily Posa: What if... my pager goes off... and it's a heart... and... it works? And my body doesn't reject it? And... what if i have time?
Ben Thomas: [long pause] What if? What if we have children? What if we got married?
Seven Pounds
Ben Thomas: What game?
Emily Posa: The "what if" game.
Ben Thomas: The "what if" game.
Emily Posa: What if... my pager goes off... and it's a heart... and... it works? And my body doesn't reject it? And... what if i have time?
Ben Thomas: [long pause] What if? What if we have children? What if we got married?
Seven Pounds
amor (latim amor, -oris), s. m.
"Because when you realize you want to spend the rest of your life with somebody, you want the rest of your life to start as soon as possible!"
When Harry Met Sally
a prova que faltava
"Na minha vida moral, nunca tomei decisões em tempo real, existe sempre um diferimento da acção. Em especial nos casos em que a acção é uma reacção. Quando sofro um agravo, um ataque, uma desilusão, geralmente fico imperturbável ou vou-me embora, sou estóico ou desistente. Mas não tomo grandes decisões morais de imediato. Só decido alguma coisa quando à desilusão se segue a desvergonha, ao ataque a bazófia, ao agravo o abuso. Só tomo decisões morais quando perco a paciência. A impaciência é a minha ética"
(negrito nosso)
Pedro Mexia
(negrito nosso)
Pedro Mexia
segunda-feira, 4 de julho de 2011
amor (latim amor, -oris), s. m. *
A SHORT LOVE STORY IN STOP MOTION
* Lembrou-me do Luís e da Diana e de que miracles do happen, from time do time...
adoro o defeso *
20:22 - 03-07-2011 – Marselha: Villarreal entra na corrida por Lucho
15:54 - 30-06-2011 – Lucho também na mira do Chelsea
11:14 - 30-06-2011 – Málaga prepara ataque final a Lucho
11:58 - 24-06-2011 – Marselha: Lucho apontado à Roma
16:45 - 07-06-2011 – Málaga espera acertar com Lucho até ao final da semana
14:32 - 06-06-2011 – Wolfsburgo na corrida por Lucho
17:47 - 04-05-2011 – Marselha: Milan atento por Lucho
Fonte: 'A Bola'
* Época transitória entre uma temporada futebolística e a seguinte, em que se negoceiam e processam transferências de jogadores entre diferentes clubes.
15:54 - 30-06-2011 – Lucho também na mira do Chelsea
11:14 - 30-06-2011 – Málaga prepara ataque final a Lucho
11:58 - 24-06-2011 – Marselha: Lucho apontado à Roma
16:45 - 07-06-2011 – Málaga espera acertar com Lucho até ao final da semana
14:32 - 06-06-2011 – Wolfsburgo na corrida por Lucho
17:47 - 04-05-2011 – Marselha: Milan atento por Lucho
Fonte: 'A Bola'
* Época transitória entre uma temporada futebolística e a seguinte, em que se negoceiam e processam transferências de jogadores entre diferentes clubes.
para dormir de um sono só
What's the immaterial substance
that envelopes two,
that one percieves as hunger
and the other as food.
Kings of Convenience - Parallel Lines
sexta-feira, 1 de julho de 2011
amor (latim amor, -oris), s. m.
"I no longer believed in the idea of soul mates, or love at first sight. But I was beginning to believe that a very few times in your life, if you were lucky, you might meet someone who was exactly right for you. Not because he was perfect, or because you were, but because your combined flaws were arranged in a way that allowed two separate beings to hinge together."
Lisa Kleypas
Lisa Kleypas
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