sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

'o deus da matança'

'Le Dieu du carnage, a peça de Yasmina Reza, é um entretenimento bem-feito e banal que não diz nada de novo sobre a «hipocrisia» em que assenta a vida em sociedade. Claro que tudo é falso, reprimido, fictício, que mal baixamos a guarda o verniz estala, e assim por diante. Como jeu de massacre, Reza não acrescenta nada a Pinter e Albee. Mas acho interessante que Polanski tenha pegado no texto: Carnage regressa à ideia de confinamento espacial e anímico que o cineasta tem explorado constantemente desde A Faca na Água e da «trilogia do apartamento», e que nunca na verdade abandonou; mas Polanski não quer apenas caricaturar a burguesia, quer denunciar o logro que é a «civilização». Depois de ter sobrevivido ao gueto de Varsóvia, ao comunismo, a uma esposa grávida retalhada por Charles Manson e a um suspeito processo por violação de menores, creio que o polaco tem algum autoridade para dissertar sobre a civilização e a hipocrisia. Tem algum direito a fazer sua a ideia de que o mundo é dominado pelo «deus da matança».'

mestre

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