... não é só 'gaijas boas':
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
genial
'A política morreu porquê?
Várias hipóteses:
1. A primeira é a de que morreu porque deixou de ser necessária. O sonho dos nossos antepassados cumpriu-se. Os portugueses vivem hoje num país nórdico: pagamos impostos como no Norte da Europa e temos a qualidade de vida do Norte de África.
Somos um País onde nem Américo Amorim se acha rico. E porquê? Porque somos dez milhões de milionários. Temos a vida que os milionários têm. Cada um de nós tem um banco e uma ilha, é certo que é o mesmo banco e a mesma ilha, que é o BPN e a Madeira, mas todos os contribuintes são proprietários de um bocadinho.
2. A outra hipótese é: não há política porque só há economia. E enfim, a teoria medieval concebia apenas duas formas de governo: na primeira, o fluxo do poder era ascendente. O poder emanava do povo e o povo delegava nos seus representantes. Na outra forma de governo, o poder fazia o percurso inverso: emanava do príncipe e o príncipe delegava nas outras figuras do Estado. O nosso modelo é um híbrido, no sentido em que do povo emana o poder para eleger os representantes na figura de pessoas como Miguel Relvas e o seu vice-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. E há depois o príncipe, que é a troika, do qual também emana poder. E a troika delegou o poder nas mesmas pessoas. Portanto, há um engarrafamento de poder nesta gente e, como é evidente, o poder que vem de cima é mais forte do que aquele que nós mandámos para lá e é isso. O poder deles tem mais força. E o nosso... voltou para trás.
Há problemas no facto de a política ter morrido:
1. O primeiro é: a política percebe-se. Já a economia é muito mais difícil de compreender. Eles simplificam, isso é verdade. Por exemplo, primeiro os mercados começaram a dizer que nós éramos PIGS: Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha. PIGS, porcos! Depois disseram: Portugal é lixo. É uma metáfora muito repetitiva, mas é clara. Facilita a compreensão. Reparem, eu não sei ao certo o que é o "subprime", nem o que são "hedge funds", mas quando uma pessoa me diz: "tu és lixo", eu percebo do que está a falar. Eu sei exactamente. Claro que é triste esta liberdade vocabular não ser permitida a quem está em baixo: a gente vê uma manchete a dizer: "mercados consideram que Portugal é lixo", mas é impensável, na página seguinte, ter: "Portugal vai tentar renegociar a dívida com os chulos". Isso não nos é permitido. Eles têm o capital financeiro e o capital semântico, tudo o que é capital, açambarcam, isto torna a vida difícil.
Mas também há vantagens no facto da política ter morrido:
1. Saiu agora um estudo que diz: "Portugal é uma democracia com falhas". Em primeiro lugar, é importante elogiar um grupo de cientistas políticos que é tão eficaz que consegue olhar para Portugal e ver uma democracia com algumas falhas, e não uma falha com alguma democracia. É inquietante sermos uma democracia com falhas porque, até agora, éramos uma democracia sem falhas. Nós éramos felizes e não sabíamos.
2. Depois, levanta-se outra questão, que é saber se se pode dizer democracia com falhas. Eu estava convencido que a democracia ou é ou não é, no sentido em que também não se pode dizer "ele é ligeiramente pedófilo, ou ele estava mais ou menos morto". Ou está morto ou não está! O facto de sermos uma democracia com falhas põe outro problema mais inquietante: a partir de quando é que uma democracia com falhas passa a ser uma ditadura com qualidades?
3. Outras vantagens: assim que Passos Coelho foi eleito, nós deparámo-nos com um problema interessante: Passos Coelho nunca fez nada na vida a não ser política, JSD, por aí fora. O homem licenciou-se com 37 anos, esteve ocupado a tratar de coisas políticas. No entanto, não tem experiência política nenhuma, o que é difícil para um homem que só fez política na vida. Lá está, ele teve empregos, mas só em empresas administradas pelo Ângelo Correia. O primeiro emprego que teve que não foi arranjado pelo Ângelo Correio, foi este, que nós lhe arranjámos. Passos Coelho acaba por ser uma inspiração para todos os desempregados. É possível, sem grande currículo, com alguma sorte, arranjar um emprego, desde que, lá está, o outro candidato seja... o Sócrates. Para quem tem pouca experiência, governar com a troika é como andar de bicicleta com rodinhas e, portanto, tem esse lado vantajoso.
4. Paradoxalmente, o nosso voto tornou-se mais importante. Antigamente votávamos nas eleições nacionais portuguesas, hoje votamos nas regionais alemãs.
5. E é excelente por questões de respeito. Por causa da senhora Merkel. E digo senhora Merkel com propriedade. Não dizemos o senhor Sarkozy ou o senhor Obama. Nunca. Mas senhora Merkel dizemos. E temos em português aquela expressão, quando nos referimos ao passado: "o tempo da outra senhora". Este é o tempo desta senhora. Saiu uma senhora e entrou outra senhora.
Queria acabar dizendo que há esperança para nós. Porque a política parece ter morrido, mas ainda há réstias de política. Vou dar dois casos:
1. O assassinato político voltou e isso significa que há política. Em 1908 mataram D. Carlos. Em 2011 foi abatido a tiro, também por razões políticas, o pórtico da A22. Há qualquer coisa no início dos séculos que excita o gatilho dos conspiradores. E alguém leva um tiro. Enfim, podiam ter morto o rei, mas entre D. Duarte e o pórtico, os atiradores optaram, e bem a meu ver, pelo que politicamente era mais relevante. E deram uma chumbada na portagem.
2. A segunda razão pela qual devemos ter esperança é este incentivo à emigração constante, que é de facto uma medida política. Geralmente, o programa xenófobo, que é vasto e rico, consubstancia-se na frase "vai para a tua terra", dita aos imigrantes. O nosso Governo tem este programa ligeiramente diferente que é: "sai da tua terra!", dito aos nativos. Fica difícil saber para quem é esta terra afinal. Eu quero sugerir o Brasil como um destino interessante para nós. O Brasil é uma terra de oportunidades e possibilidades de riqueza, como demonstra o caso inspirador do Duarte Lima.'
Ricardo Araújo Pereira
Várias hipóteses:
1. A primeira é a de que morreu porque deixou de ser necessária. O sonho dos nossos antepassados cumpriu-se. Os portugueses vivem hoje num país nórdico: pagamos impostos como no Norte da Europa e temos a qualidade de vida do Norte de África.
Somos um País onde nem Américo Amorim se acha rico. E porquê? Porque somos dez milhões de milionários. Temos a vida que os milionários têm. Cada um de nós tem um banco e uma ilha, é certo que é o mesmo banco e a mesma ilha, que é o BPN e a Madeira, mas todos os contribuintes são proprietários de um bocadinho.
2. A outra hipótese é: não há política porque só há economia. E enfim, a teoria medieval concebia apenas duas formas de governo: na primeira, o fluxo do poder era ascendente. O poder emanava do povo e o povo delegava nos seus representantes. Na outra forma de governo, o poder fazia o percurso inverso: emanava do príncipe e o príncipe delegava nas outras figuras do Estado. O nosso modelo é um híbrido, no sentido em que do povo emana o poder para eleger os representantes na figura de pessoas como Miguel Relvas e o seu vice-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. E há depois o príncipe, que é a troika, do qual também emana poder. E a troika delegou o poder nas mesmas pessoas. Portanto, há um engarrafamento de poder nesta gente e, como é evidente, o poder que vem de cima é mais forte do que aquele que nós mandámos para lá e é isso. O poder deles tem mais força. E o nosso... voltou para trás.
Há problemas no facto de a política ter morrido:
1. O primeiro é: a política percebe-se. Já a economia é muito mais difícil de compreender. Eles simplificam, isso é verdade. Por exemplo, primeiro os mercados começaram a dizer que nós éramos PIGS: Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha. PIGS, porcos! Depois disseram: Portugal é lixo. É uma metáfora muito repetitiva, mas é clara. Facilita a compreensão. Reparem, eu não sei ao certo o que é o "subprime", nem o que são "hedge funds", mas quando uma pessoa me diz: "tu és lixo", eu percebo do que está a falar. Eu sei exactamente. Claro que é triste esta liberdade vocabular não ser permitida a quem está em baixo: a gente vê uma manchete a dizer: "mercados consideram que Portugal é lixo", mas é impensável, na página seguinte, ter: "Portugal vai tentar renegociar a dívida com os chulos". Isso não nos é permitido. Eles têm o capital financeiro e o capital semântico, tudo o que é capital, açambarcam, isto torna a vida difícil.
Mas também há vantagens no facto da política ter morrido:
1. Saiu agora um estudo que diz: "Portugal é uma democracia com falhas". Em primeiro lugar, é importante elogiar um grupo de cientistas políticos que é tão eficaz que consegue olhar para Portugal e ver uma democracia com algumas falhas, e não uma falha com alguma democracia. É inquietante sermos uma democracia com falhas porque, até agora, éramos uma democracia sem falhas. Nós éramos felizes e não sabíamos.
2. Depois, levanta-se outra questão, que é saber se se pode dizer democracia com falhas. Eu estava convencido que a democracia ou é ou não é, no sentido em que também não se pode dizer "ele é ligeiramente pedófilo, ou ele estava mais ou menos morto". Ou está morto ou não está! O facto de sermos uma democracia com falhas põe outro problema mais inquietante: a partir de quando é que uma democracia com falhas passa a ser uma ditadura com qualidades?
3. Outras vantagens: assim que Passos Coelho foi eleito, nós deparámo-nos com um problema interessante: Passos Coelho nunca fez nada na vida a não ser política, JSD, por aí fora. O homem licenciou-se com 37 anos, esteve ocupado a tratar de coisas políticas. No entanto, não tem experiência política nenhuma, o que é difícil para um homem que só fez política na vida. Lá está, ele teve empregos, mas só em empresas administradas pelo Ângelo Correia. O primeiro emprego que teve que não foi arranjado pelo Ângelo Correio, foi este, que nós lhe arranjámos. Passos Coelho acaba por ser uma inspiração para todos os desempregados. É possível, sem grande currículo, com alguma sorte, arranjar um emprego, desde que, lá está, o outro candidato seja... o Sócrates. Para quem tem pouca experiência, governar com a troika é como andar de bicicleta com rodinhas e, portanto, tem esse lado vantajoso.
4. Paradoxalmente, o nosso voto tornou-se mais importante. Antigamente votávamos nas eleições nacionais portuguesas, hoje votamos nas regionais alemãs.
5. E é excelente por questões de respeito. Por causa da senhora Merkel. E digo senhora Merkel com propriedade. Não dizemos o senhor Sarkozy ou o senhor Obama. Nunca. Mas senhora Merkel dizemos. E temos em português aquela expressão, quando nos referimos ao passado: "o tempo da outra senhora". Este é o tempo desta senhora. Saiu uma senhora e entrou outra senhora.
Queria acabar dizendo que há esperança para nós. Porque a política parece ter morrido, mas ainda há réstias de política. Vou dar dois casos:
1. O assassinato político voltou e isso significa que há política. Em 1908 mataram D. Carlos. Em 2011 foi abatido a tiro, também por razões políticas, o pórtico da A22. Há qualquer coisa no início dos séculos que excita o gatilho dos conspiradores. E alguém leva um tiro. Enfim, podiam ter morto o rei, mas entre D. Duarte e o pórtico, os atiradores optaram, e bem a meu ver, pelo que politicamente era mais relevante. E deram uma chumbada na portagem.
2. A segunda razão pela qual devemos ter esperança é este incentivo à emigração constante, que é de facto uma medida política. Geralmente, o programa xenófobo, que é vasto e rico, consubstancia-se na frase "vai para a tua terra", dita aos imigrantes. O nosso Governo tem este programa ligeiramente diferente que é: "sai da tua terra!", dito aos nativos. Fica difícil saber para quem é esta terra afinal. Eu quero sugerir o Brasil como um destino interessante para nós. O Brasil é uma terra de oportunidades e possibilidades de riqueza, como demonstra o caso inspirador do Duarte Lima.'
Ricardo Araújo Pereira
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
Nash: What truly is logic? Who decides reason? My quest has taken me to the physical, the metaphysical, the delusional, and back. I have made the most important discovery of my career - the most important discovery of my life. It is only in the mysterious equations of love that any logic or reasons can be found. I am only here tonight because of you. You are the only reason I am. You are all my reasons. Thank you.
A Beautiful Mind
A Beautiful Mind
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
um dia puro
'Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.'
Sophia de Mello Breyner
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.'
Sophia de Mello Breyner
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
'era o café e um digestivozinho'
'nunca dije que seria perfecta
yo solo queria que asi tu me quisieras'
carla morrison - yo sigo aquí
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
reciprocidade
'O minimalismo moral teria sido suficiente. Que adoptassem a «regra de ouro» cristã (faz aos outros o que queres que te façam a ti) ou o «imperativo categórico» kantiano (age segundo um princípio que queiras como lei universal). Essa ética da reciprocidade existe no islamismo, no judaísmo, no confucionismo, no budismo, no hinduísmo e no humanismo laico e é talvez o mínimo denominador comum ético. E no entanto nada parece mais difícil, porque a reciprocidade requer humildade e empatia, bens escassos. Praticamente as únicas pessoas que até hoje vi seguirem uma ética da reciprocidade sem falhas foram pessoas auto-destrutivas, que, como é óbvio, subvertem o princípio de onde parte a regra de ouro. Fora disso, tenho convivido com severos Jeremias que depois fazem alegremente, alarvemente, o contrário do que exigem. O meu percurso moral, reconheço, não é recomendável, mas sempre me mantive fiel a esse preceito, em tempos bons e maus cumpri os mínimos, mesmo quando falhei os máximos, portei-me mal mas nunca nisso, segui sempre a ética da reciprocidade, do pouco que valho tenho isto a alegar antes de pedir justiça.'
mestre
mestre
coisas simples
Sir Walter Raleigh: we mortals have many weaknesses; we feel too much, hurt too much or too soon we die, but we do have the chance of love.
in Elizabeth: The Golden Age
in Elizabeth: The Golden Age
sábado, 14 de janeiro de 2012
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
coisas simples
Sir Walter Raleigh: why be afraid of tomorrow when today is all we have?
in Elizabeth: The Golden Age
in Elizabeth: The Golden Age
'o deus da matança'
'Le Dieu du carnage, a peça de Yasmina Reza, é um entretenimento bem-feito e banal que não diz nada de novo sobre a «hipocrisia» em que assenta a vida em sociedade. Claro que tudo é falso, reprimido, fictício, que mal baixamos a guarda o verniz estala, e assim por diante. Como jeu de massacre, Reza não acrescenta nada a Pinter e Albee. Mas acho interessante que Polanski tenha pegado no texto: Carnage regressa à ideia de confinamento espacial e anímico que o cineasta tem explorado constantemente desde A Faca na Água e da «trilogia do apartamento», e que nunca na verdade abandonou; mas Polanski não quer apenas caricaturar a burguesia, quer denunciar o logro que é a «civilização». Depois de ter sobrevivido ao gueto de Varsóvia, ao comunismo, a uma esposa grávida retalhada por Charles Manson e a um suspeito processo por violação de menores, creio que o polaco tem algum autoridade para dissertar sobre a civilização e a hipocrisia. Tem algum direito a fazer sua a ideia de que o mundo é dominado pelo «deus da matança».'
mestre
mestre
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
a propósito de um sutiã *
'no pienso en ti
sólo te siento
pasando por mi
como un dulce viento'
devendra banhart - brindo
* (do francês soutien-gorge, nome masculino) peça do vestuário feminino que serve para amparar e modelar os seios.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
'- vens-me buscar?
- vou. mas onde?
- tanto faz, desde que me venhas buscar.'
pedro paixão, histórias verdadeiras
- vou. mas onde?
- tanto faz, desde que me venhas buscar.'
pedro paixão, histórias verdadeiras
coisas simples
"sometimes i feel like i don't know
the deal
when i tell you how
i feel
believe me when i say
it's real"
Real Estate - Its Real
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
role model
'Suffering has been stronger than all other teaching, and has taught me to understand what your heart used to be. I have been bent and broken, but - I hope - into a better shape.'
Charles Dickens
Charles Dickens
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
coisas simples
- mini-estóico: preciso de ir à casa-de-banho.
- estóico: vamos.
(dirigem-se para a casa-de-banho, repleta de pessoas estranhas)
- mini-estóico: (na parte individual, falando alto) acho que vou fazer cocó.
- estóico: (na parte dos urinóis) está bem.
(o senhor que está ao meu lado esforça-se por não se rir...)
- mini-estóico: e tu mano, não queres fazer cocó?
- estóico: não, obrigado. não fales alto, sim.
(o senhor que está ao meu lado esforça-se por não se rir muito alto...)
- mini-estóico: está bem. se calhar não vou fazer cocó.
- estóico: está bem, mas não precisas de o dizer. faz o que tens a fazer.
- mini-estóico: está bem.
(ouve-se o autoclismo)
- estóico: (suspiro).
- estóico: vamos.
(dirigem-se para a casa-de-banho, repleta de pessoas estranhas)
- mini-estóico: (na parte individual, falando alto) acho que vou fazer cocó.
- estóico: (na parte dos urinóis) está bem.
(o senhor que está ao meu lado esforça-se por não se rir...)
- mini-estóico: e tu mano, não queres fazer cocó?
- estóico: não, obrigado. não fales alto, sim.
(o senhor que está ao meu lado esforça-se por não se rir muito alto...)
- mini-estóico: está bem. se calhar não vou fazer cocó.
- estóico: está bem, mas não precisas de o dizer. faz o que tens a fazer.
- mini-estóico: está bem.
(ouve-se o autoclismo)
- estóico: (suspiro).
sábado, 7 de janeiro de 2012
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
frases que tinham tudo para dar certo
'não tires, não tires, não tires!'
também resulta o contrário. se calhar melhor.
sim, da tusa. ainda. e sempre.
também resulta o contrário. se calhar melhor.
sim, da tusa. ainda. e sempre.
frases que tinham tudo para dar certo
'tira de lá de dentro'
a propósito de uma sexta-feira, de um almoço com hidratos de carbono e da tusa.
sim, da tusa.
a propósito de uma sexta-feira, de um almoço com hidratos de carbono e da tusa.
sim, da tusa.
é sexta-feira
Os Capitães da Areia - Dezassete Anos
'one must maintain a little bit of summer, even in the middle of winter.'
henry david thoreau
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
'minha cabeça estremece'
'Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa,
uma só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.
Sei que os campos imaginam as suas próprias rosas.
As pessoas imaginam os seus próprios campos de rosas.
E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente eu pudesse acordar.
Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes sangra e canta.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento.
Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.
- Era uma casa – como direi? – absoluta.
Eu jogo, eu juro.
Era uma casinfância.
Sei como era uma casa louca.
Eu metia as mãos na água: adormecia,
relembrava.
Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.
Apalpo agora o girar das brutais,
líricas rodas da vida.
Há no esquecimento, ou na lembrança total das coisas,
uma rosa como uma alta cabeça,
um peixe como um movimento rápido e severo.
Uma rosapeixe dentro da minha ideia desvairada.
Há copos, garfos inebriados dentro de mim.
- Porque o amor das coisas no seu tempo futuro
é terrivelmente profundo, é suave,
devastador.
As cadeiras ardiam nos lugares.
Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento
como seres pasmados.
Às vezes riam alto. Teciam-se
em seu escuro terrífico.
A menstruação sonhava podre dentro delas,
à boca da noite.
Cantava muito baixo.
Parecia fluir.
Rodear as mesas, as penumbras fulminadas.
Chovia nas noites terrestres.
Eu quero gritar paralém da loucura terrestre.
— Era húmido, destilado, inspirado.
Havia rigor. Oh, exemplo extremo.
Havia uma essência de oficina.
Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras,
com as suas maçãs centrípetas
e as uvas pendidas sobre a maturidade.
Havia a magnólia quente de um gato.
Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia
que saía da mão para o rosto da mãe sombriamente pura.
Ah, mãe louca à volta, sentadamente completa.
As mãos tocavam por cima do ardor
a carne como um pedaço extasiado.
Era uma casabsoluta – como direi? -
um sentimento onde algumas pessoas morreriam.
Demência para sorrir elevadamente.
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome no espírito como uma rosapeixe.
- Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados
agora nas palavras.
Prefiro cantar nas varandas interiores.
Porque havia escadas e mulheres que paravam
minadas de inteligência.
O corpo sem rosáceas, a linguagem para amar e ruminar.
O leite cantante.
Eu agora mergulho e ascendo como um copo.
Trago para cima essa imagem de água interna.
- Caneta do poema dissolvida no sentido primacial do poema.
Ou o poema subindo pela caneta,
atravessando seu próprio impulso,
poema regressando.
Tudo se levanta como um cravo,
uma faca levantada.
Tudo morre o seu nome noutro nome.
Poema não saindo do poder da loucura.
Poema como base inconcreta de criação.
Ah, pensar com delicadeza,
imaginar com ferocidade.
Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia,
com furibunda concepção.
Com alguma ironia furibunda.
Sou uma devastação inteligente.
Com malmequeres fabulosos.
Ouro por cima.
A madrugada ou a noite triste tocadas
em trompete.
Sou alguma coisa audível, sensível.
Um movimento.
Cadeira congeminando-se na bacia,
feita o sentar-se.
Ou flores bebendo a jarra.
O silêncio estrutural das flores.
E a mesa por baixo.
A sonhar.'
herberto hélder & rodrigo leão - minha cabeça estremece
coisas simples
'I have been and still am a seeker, but I have ceased to question stars and books; I have begun to listen to the teaching my blood whispers to me.'
Hermann Hesse
Hermann Hesse
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
frases que tinham tudo para dar certo
'eu gosto de coisas violentas'
pelo grande jô. e não preciso dizer mais nada.
pelo grande jô. e não preciso dizer mais nada.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
amor (latim amor, -oris), s. m.
'I can taste the ocean on your skin
That is where it all began'
R.E.M. - We All Go Back To Where We Belong (Kirsten Version)
coisas simples
"Não tenho estudos superiores, mas a presidência é uma função e não um emprego."
Youssou Ndour, cantor, no momento em que declarou ser candidato às presidenciais no Senegal.
Reuters (Público)
Youssou Ndour, cantor, no momento em que declarou ser candidato às presidenciais no Senegal.
Reuters (Público)
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
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