sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pérola


Passo a citar: "se fosse para ganhar menos que nos CTT não tinha ido trabalhar para a autarquia", "não é depois de ter feito o trabalho que me podem vir pedir o dinheiro de volta" e ainda "se entendiam que a remuneração era indevida, deviam tê-lo dito a tempo".

Estas são palavras de um Senhor Dr. que trabalhou em comissão de serviço (cedido pela empresa CTT) na Câmara Municipal de Lisboa (que ao que parece não anda propriamente a "nadar em dinheiro").

Não estão em causa os montantes pagos ou se o mesmo deve ou não de devolver o dinheiro (ao que parece legalmente não o devia ter recebido mas algum técnico terá analisado mal a questão e os valores foram indevidamente entregues, sendo que actualmente já não pode ser judicialmente exigida a sua devolução na íntegra). Está sim em causa a defesa do interesse público e até, se quisermos, a honra (sim essa coisa tão feia).

Quando alguém recebe um valor que não sabe se deve receber (ainda para mais provindo de uma instituição pública) a primeira coisa que deve fazer é confirmar esse mesmo pagamento (aposto que se lhe retirassem uma regalia qualquer ia logo a correr perguntar o que se passava). Podem dizer que a Câmara é que devia fazer isso, tudo bem, aceito. Mas uma pessoa de honra confirmava imediatamente a questão e tudo ficava resolvido.

Mas no fundo eu percebo o Senhor Dr. A mensalidade do barco é complicada de pagar com o "miserável" salário dos CTT. Depois tem os miúdos no colégio, a doméstica, o carro, as férias, enfim, todas essas enormes complicações.

Deixo portanto aqui a minha solidariedade pública para com o Senhor Dr. Centeno Fragoso (até porque aposto esta notícia não vai fazer escaparates nos jornais nacionais).

N.B. - este Senhor Dr. (só por acaso) é membro do conselho nacional de jurisdição do CDS-PP (aqueles que dizem que os "mandriões" do rendimento mínimo devem deixar de o receber e que os "velhinhos" devem receber pensões mais altas) e é também arguido no "caso CTT" onde está acusado de recebimento de "luvas" para que fossem celebrados negócios desastrosos para a empresa. Tudo por meras coincidências... Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és.

Fonte: "Público".

Sem comentários:

Enviar um comentário