quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Aversão à Mudança


Portugal é por sistema um país com aversão à mudança.

Não sou psicanalista ou filósofo para esmiuçar (já que está na moda) tal défice. Mas por vezes as análises mais simples são as mais certeiras portanto vou arriscar: mudar dá trabalho e a malta basicamente não está para se chatear. Queremos sossego e nada de grandes agitações (a última grande agitação que tivemos foi feita com cravos na ponta de pistolas...). Tudo o que envolva sacrifícios, arriscar, grandes esforços, puxar a corda ao extremo, tudo isto e muito mais, nah... não é connosco. O que a malta quer é estabilidade de nada de grandes complicações ou alterações.

Digo isto porque muito sinceramente me faz muita confusão duas ideias que recorrentemente surgem em tempo de eleições: bloco central e voto útil.

Acho que não passam de emanações daquela ideia de imobilismo com que iniciei o post. Parece que não há nada mais além do que o que sempre tivemos. Não há cenários alternativos, nada! Só reconhecemos o que já vivenciamos e parece que depois disso é o vazio total.

Eu cá acho que há algo depois de tudo o que conhecemos. Basta que se arrisque e se procure o desconhecido. Foi isso que ousamos fazer um dia com os resultados por todos reconhecidos.

Por mim, arrisco outra vez!

1 comentário:

  1. Concordo com a ideia central da análise. Contudo, parece-me que paulatinamente estamos a COMEÇAR a assistir a algumas mudanças.

    No sistema político nacional, é inegável a perda de peso dos 2 "grandes" partidos a favor dos "pequenos" partidos e do gigante partido da abstenção (o que, na minha opinião, é positivo). Penso mesmo que esta vai ser a última oportunidade do PS ou PSD, e que brevemente assistiremos à constituição de novos partidos ou mesmo um sistema que vá além dos partidos..

    No sistema político internacional, depois do unilateralismo da administração Bush, os ventos correm a favor do multilateralismo. Países como Brasil,Índia, Venezuela, entre outros, têm um novo papel na cena internacional.

    Se o imobilismo tem um preço caro, mudanças radicais tb o têm. A "revolução dos cravos" fez-se num momento em que o regime já estava defunto (como quase todas as revoluções), depois de um conjunto de episódios que o foram desgastando..

    Em conclusão, há de facto uma aversão à mudança e uma atitude conformista na sociedade portuguesa. Por isso é bom que se verifiquem pequenas mudanças, para que um dia não venha outro D. Sebastião (e não faltam na História) armado em Salvador da Pátria e deite isto tudo "de pernas para o ar".

    "O caminho faz-se caminhando".

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